Mas porque Almas Castelos? Eu conheci algumas. São pessoas cujas almas se parecem com um castelo. São fortes e combativas, contendo no seu interior inúmeras salas, cada qual com sua particularidade e sua maravilha. Conversar, ouvir uma história... é como passear pelas salas de sua alma, de seu castelo. Cada sala uma história, cada conversa uma sala. São pessoas de fé flamejante que, por sua palavra, levam ao próximo: fé, esperança e caridade. São verdadeiras fortalezas como os muros de um Castelo contra a crise moral e as tendências desordenadas do mundo moderno. Quando encontramos essas pessoas, percebemos que conhecer sua alma, seu interior, é o mesmo que visitar um castelo com suas inúmeras salas. São pessoas que voam para a região mais alta do pensamento e se elevam como uma águia, admirando os horizontes e o sol... Vivem na grandeza das montanhas rochosas onde os ventos são para os heróis... Eu conheci algumas dessas águias do pensamento. Foram meus professores e mestres, meus avós e sobretudo meus Pais que enriqueceram minha juventude e me deram a devida formação Católica Apostolica Romana através das mais belas histórias.

A arte de contar histórias está sumindo, infelizmente.

O contador de histórias sempre ocupou um lugar muito importante em outras épocas.

As famílias não têm mais a união de outrora, as conversas entre amigos se tornaram banais. Contar histórias: Une as famílias, anima uma conversa, torna a aula agradável, reata as conversas entre pais e filhos, dá sabedoria aos adultos, torna um jantar interessante, aguça a inteligência, ilustra conferências... Pense nisso.

Há sempre uma história para qualquer ocasião.

“Ide por todo o mundo e pregai o Evangelho a toda criatura” (Mc. 16:15)

Nosso Senhor Jesus Cristo ensinava por parábolas. Peço a Nossa Senhora que recompense ao cêntuplo, todas as pessoas que visitarem este Blog e de alguma forma me ajudarem a divulga-lo. Convido você a ser um seguidor. Autorizo a copiar todas as matérias publicadas neste blog, mas peço a gentileza de mencionarem a fonte de onde originalmente foi extraída. Além de contos, estórias, histórias e poesias, o blog poderá trazer notícias e outras matérias para debates.

Agradeço todos os Sêlos, Prêmios e Reconhecimentos que o Blog Almas Castelos recebeu. Todos eles dou para Nossa Senhora, sem a qual o Almas Castelos não existiria. Por uma questão de estética os mesmos foram colocados na barra lateral direita do Blog. Obrigado. Que a Santa Mãe de Deus abençoe a todos.

domingo, 27 de fevereiro de 2011

Ave Maria


Os anjos são mensageiros de Deus. Cumprem as ordens que Deus lhes dá.
Portanto quando foi na época da anunciação de Nossa Senhora, Deus mandou que um anjo a visitasse para anunciar a Grande Alegria do nascimento de Jesus.

Para essa missão tão importante, Deus designou um anjo da mais alta estirpe celeste: São Gabriel.

O que deveria ele dizer à Nossa Senhora?

Certeza que São Gabriel não diria a “Ave Maria” à Nossa Senhora sem que essa saudação não lhe fosse ensinada diretamente pelo próprio Deus, pois sendo ele um mensageiro levou à Santa Virgem essa mensagem de Deus: a “Ave Maria”. Que oração altíssima !!! Nos ensinada do mais alto dos céus !!!

Se o “Pai Nosso” é a oração que o Senhor nos ensinou, a “Ave Maria” foi a saudação que Deus ensinou ao Anjo.

Num ato de sabedoria, humildade e misericórdia a Igreja acrescentou a segunda parte: “Santa Maria, Mãe de Deus, rogai por nós, pecadores, agora e na hora de nossa morte. Amén.

Grande e Infinita é a Sabedoria de Deus.

Ave Maria, gratia plena
Dominus tecum
Benedicta tu in mulieribus
Et benedictus fructus ventris tui Jesus.
Sancta Maria, Mater Dei,
Ora pro nobis peccatoribus
Nunc et in hora mortis nostrae Amen.

Ave Maria cheia de graça,
o Senhor é convosco.
Bendita sois vós entre as mulheres,
e bendito o fruto do vosso ventre, Jesus.
Santa Maria, Mãe de Deus,
rogai por nós, pecadores,
agora e na hora da nossa morte. Amén.

sábado, 26 de fevereiro de 2011

Palavra de um sábio


Tendo Chevreuil, célebre químico, pronunciado durante uma aula o nome de Deus, foi interpelado no momento por um de seus discípulos.

- Mestre - perguntou o jovem, petulante e audacioso - acreditas em Deus? Já o viste?

O sábio respondeu:

- Sim, meu caro amigo, já O vi, não em si mesmo, que Ele é puro espírito, mas em Suas obras. Vi Sua onipotência na grandeza e no rápido movimento dos astros; vi Sua inteligência e Sua infinita sabedoria na ordem do Universo; vi a Sua bondade infinita nos admiráveis benefícios que Ele me dispensou.

- E tu, meu jovem, não conseguiste ver nada disso? Não vês o pintor divino no estupendo quadro da criação? Não vês o mecânico celeste nesta bela máquina do mundo? Não vês o artífice em sua obra?

- Moço, lamento a tua ignorância: dela unicamente resulta a cegueira em que vives! Procura aprender para sempre a sublime verdade!

Deus é espírito. Por isso O não podemos perceber pelos nossos sentidos, porque não tem corpo, nem figura, nem cor, nem algum dos atributos que se reconhecem nas coisas materiais. Criador de todas as coisas, Deus não foi criado por nenhum outro ser. Não teve, pois, princípio, nem há de ter fim. É eterno, isto é, existiu sempre e sempre há de existir.

Superior a todos os entes criados por Ele, as Suas perfeições são infinitas. É onipotente, isto é, pode tudo; é imutável, isto é, não pode ter mudança nos Seus atributos; é criador de todas as coisas, e nenhuma das coisas criadas tem o poder de criar outros entes Seus subordinados; é infinitamente bom; é Senhor de tudo, tudo governa no mundo; a Sua misericordiosa providencia a tudo acode e tudo regula segundo as leis da Sua eterna e infinita sabedoria.

Pretender encerrar Deus nos limites de nossa compreensão é o mesmo que pretender encerrar todo o oceano dentro de um pequenino dedal.

Somente Deus - ensinava Santo Agostinho - sacia os nossos desejos, porque Ele é a imensidade. Sempre os saciará, porque Ele é a eternidade.

(“Lendas do Céu e da Terra”)

quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

O êxtase de Frei Leão


Uma vez que São Francisco estava gravemente enfermo e Frei Leão o servia. O dito Frei Leão, estando em oração junto de São Francisco, foi arrebatado em êxtase e levado em espírito a um rio muito grande, largo e impetuoso. E, estando ele a olhar quem passava, viu alguns frades carregados a entrar nesse rio, que de repente eram abatidos pelo ímpeto do rio e se afogavam. Alguns chegavam até a terceira parte do rio, alguns até a metade do rio, outros perto da margem. Mas todos, pelo ímpeto do rio ou pelo peso que levavam às costas, caíam e se afogavam.

Vendo isso, Frei Leão tinha uma enorme compaixão por eles. E, de repente, estando assim, eis que chega uma grande multidão de frades sem nenhuma carga ou peso, nos quais reluzia a santa pobreza. Entraram no rio e passaram para o lado de lá sem nenhum perigo.

Vendo isso, Frei Leão voltou a si.

E então São Francisco, sentindo em espírito que Frei Leão tinha tido alguma visão, chamou-o a si e perguntou o que tinha visto. E quando o predito Frei Leão contou ordenadamente toda a visão, São Francisco disse:

“O que viste é verdadeiro. O grande rio é este mundo; os frades que se afogavam no rio são os que não seguem a evangélica perfeição, especialmente quanto à altíssima pobreza. Mas os que passavam sem perigo são os frades que nem possuem nem buscam nenhuma coisa terrena ou carnal mas, tendo apenas o temperado viver e vestir, estão contentes seguindo a Cristo nu na cruz, e suportam com alegria e de boa vontade o peso e o jugo suave de Cristo e da santíssima obediência. Por isso passam com facilidade da vida temporal para a vida eterna.”

IFIORETTI

quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

Em poder dos saltimbancos


No meio do tumulto de uma feira, um pai perdeu sua filha. Por longo tempo a procurou, mas em vão. Quatro anos depois, em Londres, quando procedia a uma das suas habituais pesquisas, viu uma menina no estrado de uma barraca de saltimbancos. Não havia dúvida, era ela! Salta os cavaletes, sobe ao tablado e brada-lhe:

- "Minha filha!"

Mas a jovem, esquecida de seus primeiros anos, deseducada pela vida prolongada entre ciganos e contaminada pelos maus exemplos e péssimos conselhos respondeu:

- "Vós, meu pai?... Não vos conheço! Meu verdadeiro pai é aquele!" - E apontava para um miserável charlatão, que já dispunha a intervir para não deixar escapar a sua presa.

Assim também acontece ao homem fraco e de pouca fé. Atraído no tumulto da vida pela ilusão grosseira do pecado é arrebatado das mãos paternas de Deus.
E quando Jesus vai em auxílio para arrancá-lo do vício e do pecado o infeliz transviado não reconhece o Salvador e continua no erro, escravizado pelas terríveis tentações do mundo

(“Lendas do Céu e da Terra”)

Comentário do Blog: O mundo encontra-se tão afastado de Deus que quando alguém prega a verdadeira doutrina, há espanto. “Há tanto tempo que estou convosco e não me conheceste, Filipe!” (São João, 14,9)

O homem de nossos dias, por comodidade ou por ignorância criou um “deus” a sua maneira. Não acredita no Deus que existe, mas sim num “deus” que criou: um “deus” que não pune, que fala só de perdão, que só vale o amor (note-se: um amor romântico, não o verdadeiro amor). Inferno (dogma de fé, citado inúmeras vezes nas Sagradas Escrituras) o homem riscou de sua vida. Tudo é amor: Deus perdoa, Deus não exige, Deus é amor. “O Senhor viu que a maldade dos homens era grande na terra, e que todos os pensamentos de seu coração estavam continuamente voltados para o mal. O Senhor arrependeu-se de ter criado o homem na terra, e teve o coração ferido de íntima dor.” (Gênesis, 6, 5:6).

Mas há um Deus verdadeiro que perdoa, mas também pune. Que tem misericórdia, mas também tem justiça. Permaneça em seu pecado e conhecerás ao final de sua vida os horrores do inferno. E é melhor estar preparado, pois quando o vires será tarde demais para mudar de vida.

“Se o teu olho for para ti ocasião de queda, arranca-o; melhor te é entrares com um olho de menos no Reino de Deus do que, tendo dois olhos, seres lançado à geena do fogo, onde o seu verme não morre e o fogo não se apaga.” (São Marcos, 9, 47:48)

“E quando se virarem, poderão ver os cadáveres daqueles que se revoltaram contra mim, porque o verme deles não morrerá e seu fogo não se extinguirá, e para todos serão um espetáculo horripilante.” (Isaías 66:24)

segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

Dr. Frederico Viotti, universitário católico


Catolicismo entrevistou o Sr. Frederico Romanini de Abranches Viotti, bacharel em Direito e em Ciência Política pela Universidade de Brasília, responsável pela Frente Universitária Lepanto e pelo boletim “Post-Modernidade”, pesquisador na área da História da Igreja e de apologética católica. Escreveu um importante estudo sobre a New Age ou Nova Era, que serve de alerta aos católicos.

A Frente Universitária Lepanto possui um dos maiores sites de inspiração católica da Internet no Brasil, e é hoje um referencial do pensamento universitário católico e contra-revolucionário em nosso País. Além do site e do boletim estudantil, a Frente promove reuniões para estudantes, palestras em faculdades e colégios etc.

Frederico Viotti A educação em nosso País, infelizmente, está profundamente influenciada pela literatura marxista e anticatólica, que reduz o mundo a um conjunto de problemas econômicos e lança calúnias contra a história da Igreja. É uma educação em que a moral é vista como ultrapassada, a Igreja como opressora, e a História é transformada em luta de classes.
Desde que o aluno inicia o curso colegial, até o término do curso superior, recebe um constante bombardeio contra a Santa Igreja. Um bombardeio ideológico, em que não predomina a análise imparcial dos fatos históricos, mas a imposição de uma maneira de ver o mundo oposta ao Cristianismo.
A Frente Universitária Lepanto nasceu do desejo de alguns jovens — todos católicos apostólicos romanos — de defender a doutrina católica em seus ambientes, seja nas universidades ou nos colégios por eles freqüentados. Era a forma que nós, estudantes leigos, tínhamos para nos contrapor à avassaladora onda de descristianização da sociedade atual e oferecer um pequeno ato de amor e de reparação em defesa do Corpo Místico de Cristo, que é a Igreja fundada por Nosso Senhor Jesus Cristo.


Catolicismo — Em que ano? Em que circunstâncias?

Frederico ViottiComeçamos nossas atividades em abril de 1998, reunindo um pequeno grupo de quatro universitários em Brasília, que foram os redatores de nosso primeiro boletim “Post-modernidade”. Hoje, graças a Deus, já estamos instalados em mais de 10 cidades do Brasil, com um fichário de mais de 12 mil nomes cadastrados em todos os Estados.

Catolicismo — São muitos os estudantes que visitam o site?

Frederico ViottiEstamos tendo uma média diária de 1500 visitas em nosso site, além da tiragem de 40.000 exemplares de nosso boletim. Todos os dias, para se ter uma idéia de nosso trabalho, nos chegam em torno de 60 e-mails com perguntas, comentários, cadastros etc.
É consolador constatar o fato de uma pessoa encontrar em nosso site a informação de que precisa, e nos enviar um e-mail de agradecimento.


Catolicismo — São apenas brasileiros que se inscrevem no site?

Frederico ViottiHá visitantes de vários países, destacando-se Portugal pela proximidade da língua, mas também de quase todas as nações dos continentes americano e europeu.

Catolicismo — Qual a tendência ideológica desses jovens?

Frederico ViottiTenho a impressão de que muitos deles sentem uma espécie de saudade de algo que não conheceram — ou que conheceram superficialmente —, que é a Civilização Cristã, austera e hierárquica.
Eles são os filhos de um mundo que pregou o igualitarismo contra toda superioridade e a liberdade contra toda autoridade e norma moral. Agora, paradoxalmente, muitos desses jovens começam a sentir um vazio provocado pela educação moderna, voltando então seus olhos à procura de valores pelos quais lutar.
A grande aceitação de nosso site é um indício muito palpável dessa busca empreendida por tantos jovens.


Catolicismo — O site oferece que tipo de matéria, de modo especial?

Frederico ViottiTemos seções de apologética (que é a defesa da Fé católica contra os ataques de seus adversários, especialmente protestantes e socialistas), catecismo, como também apresentamos estudos variados, músicas selecionadas, além de fotos de grandes catedrais e castelos do mundo (que representam resquícios esplêndidos da Cristandade medieval), artigos sobre temas da atualidade, campanhas etc.

Catolicismo — Quais os temas mais procurados no site?

Frederico ViottiSurpreende muito o interesse que tantos jovens têm hoje por temas da doutrina católica, da apologética, da História da Igreja da época medieval. Esses são assuntos dos mais procurados.
Recentemente, aliás, recebi um e-mail de um estudante que precisava de argumentos para defender a Igreja no que dizia respeito ao Descobrimento do Brasil. O professor dele afirmara, em sala de aula, que a Igreja não acreditava que os índios possuíssem alma! O que é um disparate doutrinário e histórico, que denota um preconceito anticatólico por parte da pessoa encarregada, ao lado dos pais, de transmitir conhecimento a um jovem ainda em formação!
Não sei se é patente a gravidade desse fato, mas, na realidade, esse professor estava gerando uma falsa dúvida contra a Igreja na cabeça dos alunos, os quais não dispõem, muitas vezes, de conhecimentos para contestá-lo.


Catolicismo — Com o tempo, essa dúvida poderia causar a perda da Fé!

Frederico ViottiExatamente! Enviamos-lhe vários documentos da época, reafirmando a posição invariável da Igreja em defesa da evangelização dessas almas que formaram, junto com o negro e o branco, a raiz da nossa nacionalidade.
Essa legenda negra a respeito dos descobrimentos está se espalhando em colégios e faculdades. E, infelizmente, até em certos ambientes eclesiásticos ditos progressistas tais doutrinas encontram eco, criando confusão entre os católicos.
Refutando a falsa argumentação dessa corrente de esquerda católica (que endossa doutrinas socialistas condenadas pela Igreja, sob pretexto de ajudar os mais pobres), costumamos enviar um dos inúmeros pronunciamentos de Papas sobre os descobrimentos, bem como textos de grandes Doutores da Igreja e consagrados autores católicos.


Catolicismo — Como explicar que, estando disponível na Internet uma tão larga gama de assuntos — que normalmente atraem a atenção de jovens, ou servem de "iscas" para prender a atenção deles — o site Lepanto seja tão “visitado”?

Frederico ViottiComo eu estava dizendo, tais jovens sentem um certo vazio dentro de si e buscam encontrar valores superiores, pelos quais a vida tenha valor.
A modernidade criou um mundo que procura satisfazer as necessidades materiais do homem, mas esqueceu-se de satisfazer as necessidades da alma humana.
Na Internet — como na televisão — há uma imensa lata de lixo cultural e moral, que invade nossos lares e que, em determinado momento, causa saturação.
E é nesse momento que muitos procuram a lufada de ar fresco que encontram no site da Lepanto.


Catolicismo — Por que o nome Lepanto?

Frederico ViottiEm 1571 ocorreu uma das maiores batalhas navais da História, conhecida como Batalha de Lepanto. Nela, os navios católicos, em muito menor número, venceram a esquadra muçulmana, cujos integrantes desejavam invadir a Europa.
Essa batalha foi marcada por uma intervenção sobrenatural de Nossa Senhora, que, aparecendo durante o fragor da luta, causou terror aos infiéis, ocasionando sua fuga desordenada e conseqüente derrota.
Nesse exato momento, o papa São Pio V, no distante Vaticano, quando rezava a Nossa Senhora na intenção da vitória, teve a revelação do triunfo da esquadra católica.
Sem essa vitória, os muçulmanos poderiam ter conquistado grande parte da Europa.


Catolicismo — E por que o nome "Post-Modernidade" para o boletim? Esse nome não criaria uma confusão com a noção corrente de Pós-modernidade, que é oposta às idéias defendidas pela Lepanto?

Frederico Viotti
A modernidade, ídolo outrora venerado, morreu! Este é o grande acontecimento a ser enfrentado pela nossa geração. Usamos o nome de Post-modernidade em nosso boletim, não porque sejamos favoráveis à era atual de caos e de anarquia, que muitos pensadores chamam de pós-modernidade. Mas exatamente por tratarmos de temas pertinentes e contrários à desordem que vai se estabelecendo no mundo atual, é que levantamos esta bandeira — símbolo de um ideal que aponta para o futuro.
E sobre esses temas queremos discutir com os demais estudantes e convidá-los a enfrentar
juntos os dias que amanhecem para nossa geração. De duas, uma: ou faremos a História, ou passaremos à sombra dela!
A Frente Universitária Lepanto afirma e proclama a certeza de que a pós-modernidade não será a era do caos e da anarquia, mas, pelo contrário, será o tempo da restauração da Civilização Cristã, sem a qual o mundo soçobrará. É o que foi prometido em Fátima, quando a Santíssima Virgem disse: “Por fim, o meu Imaculado Coração triunfará!”


Catolicismo — Infelizmente não dispomos de espaço para mais perguntas, mas se o Sr. desejar fazer alguma consideração final, esteja à vontade.

Frederico ViottiPrimeiramente, acho muito importante alertar os pais para que tenham cuidado especial com a educação de seus filhos. Já não basta escolher um bom colégio. É preciso acompanhar o que os professores estão ensinando e confrontar tal ensino com a doutrina e a moral católicas.
Aos estudantes, proponho que estudem a doutrina e a história da Igreja, a fim de enfrentar
destemidamente as situações adversas e manter intacta a virtude da Fé.
Quero, finalmente, agradecer a oportunidade desta entrevista e convidar os leitores a visitarem o site da Lepanto. Tenho certeza de que gostarão dele, pois o site tem muita relação com os temas abordados por Catolicismo. O endereço é:
http://www.lepanto.com.br/

(Revista Catolicismo)

Educação neopagã, educação cristã

Uma coisa que sempre me preocupou foi a educação dos nossos jovens. Confesso que fiquei profundamente impressionado quando soube que já há uma universidade chamada Casa de Bruxas, conforme li no link abaixo:

http://ograndecombate.blogspot.com/2011/02/universidade-casa-de-bruxas.html

A responsabilidade dos pais na educação dos jovens é coisa muito séria. Para ilustrar o tema da educação, e o quanto a tradição é importante na formação da juventude transcrevo a postagem abaixo:

SUJEIRA REPUGNANTE, fisionomia imbecilizada, gestos vulgares: quem será o adolescente da foto ao lado? Um mendigo? Um pobre menino de rua? Não se sabe.

No entanto, o flagrante caracteriza um menino espontâneo, bem ao gosto de certos teóricos freudianos, que preconizam a liberação total dos instintos –– em detrimento da razão e da moral –– como método válido de educação.

Postura distendida e elegante, domínio absoluto sobre si mesmo, de pé no cume de uma montanha, o pequeno alpinista, na foto à esquerda, contempla maravilhado os horizontes sem limites só proporcionados pelas grandes altitudes.

Séculos de civilização cristã antecederam e influenciaram a formação desse jovem. Acostumado à vida austera, moral e fisicamente sadia, ele apresenta na fisionomia o equilíbrio e a força da inocência primaveril.

(Revista Catolicismo de julho de 1993)

Saber rezar, mas também saber ser herói

É certo que devemos saber rezar. Mas também é certo que não devemos ser "moles". Nada melhor do que o exemplo dos Santos. Santa Joana D'Arc, rogai por nós.

sábado, 19 de fevereiro de 2011

Santo Antonio prega aos peixes


Querendo Cristo bendito demonstrar a grande santidade de seu fidelíssimo servo monsior Santo Antônio, e como se devia ouvir devotamente sua pregação e sua doutrina santa, pelos animais irracionais, uma vez entre outras, isto é, pelos peixes, repreendeu a insensatez dos infiéis heréticos, como no velho Testamento tinha repreendido a ignorância de Balaão pela boca de uma burra. Estando certa vez Santo Antônio em Rimini, onde havia uma grande multidão de hereges, querendo reconduzi-los à luz da verdadeira fé e ao caminho da verdade, pregou-lhes por muitos dias e disputou sobre a fé de Cristo e sobre a Santa Escritura. Mas como eles, não só não consentiram com suas santas palavras mas até, como endurecidos e obstinados, não quiseram ouvi-lo, Santo Antônio, um dia, por divina inspiração foi para a beira de um rio ao lado do mar.
Estando assim na margem entre o rio e o mar, começou a dizer, como numa pregação, da parte de Deus para os peixes:

“Ouvi a palavra de Deus, vós, peixes do mar e do rio, pois os infiéis hereges não querem ouvir”.

Quando ele falou assim, subitamente veio à margem uma multidão tão grande de peixes, grandes, pequenos e médios, que nunca se viram tantos nem naquele mar nem naquele rio. E todos mantinham a cabeça fora da água, e todos estavam atentos para o rosto de Santo Antônio, todos na maior paz, mansidão e ordem, pois, na frente e perto da margem estavam os peixinhos menores, e depois deles estavam os peixes médios, depois, atrás, onde a água era mais funda, estavam os peixes maiores.

Estando, portanto, colocados os peixes nessa ordem e disposição, Santo Antônio começou a pregar solenemente e disse assim:

“Meus irmãos peixes, vós tendes muito que agradecer ao vosso Criador, de acordo com a vossa possibilidade, porque vos deu um elemento tão nobre para vossa habitação, de modo que, como vos agrada, tendes águas doces e salgadas, e vos deu muitos refúgios para escapardes das tempestades. Deu-vos ainda um elemento claro e transparente e comida para vós poderdes viver. Deus nosso criador, cortês e benigno, quando vos criou, deu a ordem de crescer e de vos multiplicardes, e vos deu sua bênção. Pois quando houve o dilúvio geral e todos os outros animais morreram, Deus preservou só a vós sem dano. E ainda vos deu as barbatanas para irdes aonde quiserdes. A vós foi concedido, por ordem divina, guardar o profeta Jonas e no terceiro dia jogá-lo na terra, são e salvo. Vós oferecestes o dinheiro do censo para nosso Senhor Jesus Cristo, que ele, como pobre, não podia pagar. Vós fostes comida do eterno rei Jesus Cristo antes e depois da ressurreição, por um singular mistério. Por todas essas coisas tendes muito o dever de louvar e bendizer Deus, que vos deu tais e tantos benefícios, mais do que às outras criaturas”.

Diante destas e outras palavras e ensinamentos de Santo Antônio, os peixes começaram a abrir a boca e inclinaram as cabeças. Com esses e outros sinais de reverência, como lhes era possível, louvaram a Deus. Então Santo Antônio, vendo tanta reverência dos peixes diante de Deus criador, alegrando-se em espírito, disse em voz alta:

“Bendito seja Deus eterno, pois os peixes da água honram-no como não o fazem os homens hereges, e ouvem melhor a sua palavra os animais irracionais que os homens infiéis”.

E quanto mais Santo Antônio pregava, mais crescia a multidão dos peixes, e nenhum saía do lugar que tinha tomado. Diante desse milagre, começou a acorrer o povo da cidade, e vieram até os sobreditos hereges que, vendo o milagre tão maravilhoso e manifesto, compungidos no coração, lançavam-se todos aos pés de Santo Antônio para ouvir a sua pregação. Então Santo Antônio começou a pregar sobre a fé católica, e pregou tão nobremente, que converteu todos aqueles hereges, e eles voltaram à verdadeira fé de Cristo. E todos os fiéis ficaram confortados e fortificados na fé, com enorme alegria. E, feito isso, Santo Antônio despediu os peixes com a bênção de Deus, e todos foram embora com maravilhosos atos de alegria, e, de maneira semelhante, também o povo. Depois, Santo Antônio esteve em Rimini por muitos dias, pregando e fazendo muito fruto espiritual de almas.

IFioretti

sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

A arte dos azulejos

Há alguns anos atráz era comum encontrar nas casas, especialmente na entrada, um conjunto de azulejos pintados em azul representando cenas histórias, imagens de Nossa Senhora de Fátima, Nossa Senhora Aparecida, ou mesmo cenas do cotidiano.

Era uma arte muito bonita, hoje encontrada aqui em São Paulo apenas em comércio de azulejos antigos, como uma raridade a preço de ouro. Alguns têm um preço bem salgado por serem originais de Portugal, trazidos pelos imigrantes portugueses em outras épocas.

Porém há na cidade de São Paulo, muitas casas voltadas para a venda de produtos de artezanato, bem como para aulas de aprendizagem. E ao entrar numa dessas casas me deparei com uma surpresa: venda de azulejos brancos ou azulados, para pintura.

A professora dá aula para quem quiser aprender a pintar em azulejo, reproduzindo os antigos azulejos azuis: Paisagens, Santos, árvores e flores, casario colonial e até pintura com a sua própria foto ou de seus parentes. A criatividade de quem faz artesanato é sem limites.

Há uma técnica para o envelhecimento da pintura e tratamento do azulejo para parecer antigo. Vale a pena conferir, é um trabalho muito bonito. Fica aqui minha sugestão para quem tiver um tempinho e quiser aprender essa maravilhosa arte.

Para os que não têm habilidade com pintura, há até a arte da decoupage, ou seja, escolhe-se um desenho e faz-se a colagem no azulejo (ou no conjunto dos azulejos). Se for desenhos pequenos pode colar em azulejos individuais. Se for desenho grande, pode ser colado num conjunto de azulejos e depois recorta-se, para ficar individual e depois, juntando-se como um quebra-cabeças, se compõe o desenho todo. Enverniza-se e está pronto para ser usado.

quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

Inocencia de duas crianças e um Milagre


Nessas conversas entre amigos, ouvi uma pequena história que me deixou impressionado. Repasso para voces meus amigos:

Esse caso aconteceu em Portugal. Dois meninos que eram amigos, sempre iam caminhando para a escola juntos. Naqueles idos tempos onde a inocência era uma verdadeira riqueza entre as crianças, eles iam brincando pelo caminho, saltitando, correndo, cantando e muitas vezes rezando.

Um dia um deles disse:

- Sempre vamos para a escola por este caminho de terra, mas por que hoje não escolhemos o caminho de cima?

O outro imediatamente concordou, pois caminhos novos significam novas aventuras, novas descobertas e explorações.
Ao caminharem pela rua de cima, observavam atentos tudo o que havia em volta.
Foi então quando um deles disse:

- Nossa, olha que casarão grande!!!!... Tem um quintal enorme e na frente da casa esse gramado verde lindo que chega até esse portão aqui de ferro.

- Vamos entrar para brincar no gramado? – disse o outro.

- Mas como vamos entrar se esse portão de ferro é muito alto, e ainda está bem fechado!! – respondeu o primeiro.

Pensaram um pouco... Um olhou para o outro e começaram a tramar como iriam pular esse enorme portão. Mas tinham que serem rápidos, pois ainda tinham que ira à escola.
Assim, dessa forma, um ajudando o outro, conseguiram pular o portão e se jogaram naquela grama verde e macia.
Foi uma maravilha. Correram, caíram, rolaram no chão.... até que um dos meninos notou:

- Olhe, ali mais próximo da casa há uma pessoa de pé.

Meio assustados, foram se aproximando da grande imagem de Nossa Senhora que havia naquele local em tamanho natural. Eles perceberam que era uma imagem e de Nossa Senhora segurando o Menino Jesus no colo. Imediatamente se ajoelharam e recitaram uma Ave Maria. O susto foi grande quando o Menino Jesus olhou para eles.
Na inocência de coração eles perguntaram se o Menino Jesus queria brincar com eles.
E assim se operou o milagre: o Menino Jesus desceu do colo de Nossa Senhora e começou a brincar com os dois meninos.

Um deles falou:

- Está me dando fome, acho que vou comer meu lanche. – e os dois meninos abriram a lancheira.

Como o Menino Jesus só ficava olhando, por que Ele não tinha lanche para comer, os dois meninos ofereceram o lanche para o Divino Infante, partindo os lanches em três partes.
Depois que comeram, se lembraram da escola e saíram correndo, dizendo ao Menino Jesus que no dia seguinte voltariam.

Esse fato foi se repetindo diariamente. No entanto aconteceu uma coisa. O lanche que eles levavam era para duas pessoas. Dividir por três acabava fazendo falta depois e os meninos na hora do lanche da escola acabavam ficando com fome.

Então tiveram uma idéia, pediram para as mães fazer dois lanches para cada um. Pedido esse considerado estranho para as mães de ambos, o que foi justificado que brincavam muito e isso dava-lhes mais fome. Assim as mães então fizeram.

Mas uma das mães, por zelo, resolveu seguir o filho de longe. E ao ver que eles pulavam o portão de ferro da casa grande, ficou estarrecida. Voltou para a casa e comentou com a outra mãe sobre tal fato, e ambas esperaram seus filhos chegarem da escola para repreende-los, pois não podia entrar na casa dos outros assim, mesmo sendo uma casa abandonada.

As crianças justificaram dizendo que faziam isso para brincar, mas as mães não admitiam que seus filhos pecassem invadindo o que era dos outros, e acompanharam eles até a igreja para procurar o padre local e fazer com que eles confessassem seu pecado.

O Padre, depois de ter ouvido as Mães, resolveu atender os meninos em confissão.

Quando confessaram que faziam isso para brincar com o Menino Jesus, e vendo a inocência das crianças, viu logo que poderia se tratar de um milagre. Assim, para comprovação do milagre, fez a seguinte proposta:

- “Quero ir com vocês brincar com o Menino Jesus, no entanto não digam nada à suas Mães. Mas quando estivermos lá, para provar que esse menino é realmente o Menino Jesus, fale para Ele que só Lhe dariam lanche se Ele mostrar o céu para NÓS três”.

E assim se fez. As mães vendo seus filhos saírem do confissionário, ficaram mais aliviadas, pois a pior coisa para uma mãe é um filho que vive em pecado, e foram para casa.

No dia seguinte, os meninos saíram de casa para ir à escola. Na esquina já estava o Padre que iria acompanhá-los. Chegando na velha e grande casa abandonada, pularam o portão.

A medida em que o padre se aproximava da imagem de Nossa Senhora sentia algo de sobrenatural. Aquele lugar tinha algo de especial.
Diante da belíssima imagem da Santa Mãe de Deus, se ajoelharam e rezaram. O Padre abaixou a cabeça e fechou os olhos dizendo: Santíssima Senhora, aqui estamos para dar glória a Deus e venerar a Rainha do Céu e da Terra.

Ao abrir os olhos, viu três crianças correndo. Com o susto, olhou para cima, e viu que na imagem de Nossa Senhora o Menino Jesus não estava mais. Seu coração pulsava forte e impressionado com tal milagre, ficou totalmente paralisado.

As crianças se aproximaram, os dois meninos ajoelharam e o Menino Jesus levantou a mão sobre suas cabeças...
À noite as mães começaram a ficar preocupadas, pois os filhos não tinham chegado da escola. Reuniram-se com a vizinhança e todos procuravam pelos meninos durante a noite toda até a madrugada, sem qualquer sucesso.
No segundo dia, pela manhã voltaram com a busca. Uma das mães lembrou da casa abandonada e todos foram para lá. Arrombaram os portões e adentraram, e mesmo assim nada dos meninos.

De repente um milagre: Os dois meninos ajoelhados com o padre, apareceram suspensos no ar, diante do Menino Jesus. Estavam em êxtase. Tal êxtase durou três dias, durante os quais puderam ver uma pequena parcela do Céu. E todos puderam comprovar esse grande milagre no sempre católico Reino de Portugal.

terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

Brincando com a Alma


Àqueles que visitam as célebres quedas no Niágara mostram os guias o sítio do qual, certa vez, um homem atirou a filhinha na corrente invencível.

O pobre pai não o fez movido por infanda crueldade, ou levado por súbita alucinação. Brincava com a pequenita e fingiu que ia arremessá-la ao abismo; a criança assustou-se e tentou fugir-lhe. Por uma triste fatalidade, porém, escapou-se das mãos paternas que a sustinham e precipitou-se no torvelinho de espuma, sendo rapidamente tragada pelo sorvedouro.

Terá um pai o direito de brincar desse modo com a sua filhinha?
Decerto que não.

Do mesmo modo, ninguém tem o direito de brincar com a sua alma, tão preciosa, fazendo-a rodopiar sobre a correnteza do pecado e diante do abismo da eternidade.

Acautela-te, pois, jovem, do pecado e diante do abismo da eternidade.
Acautela-te pois, jovem, com as tentações do pecado.
Nenhum homem está inteiramente isento de ser tentado enquanto vive: porque em nós mesmos está a causa donde vêm as tentações, pois nascemos propensos ao pecado.
Passada uma tentação ou tribulação sobrevém outra, e sempre teremos que sofrer, porque se perdeu o bem de nossa primeira felicidade.

("Lendas do Céu e da Terra")

segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

A Fé provada na tempestade


Naquele dia, ao cair da tarde, Jesus disse aos discípulos:

“Passemos para a outra margem!”.

Eles despediram as multidões e levaram Jesus, do jeito como estava, consigo no barco; e outros barcos o acompanhavam. Veio, então, uma ventania tão forte que as ondas se jogavam dentro do barco; e este se enchia de água. Jesus estava na parte de trás, dormindo sobre um travesseiro. Os discípulos o acordaram e disseram-lhe:

“Mestre, não te importa que estejamos perecendo?”.

Ele se levantou e repreendeu o vento e o mar:

“Silêncio! Cala-te!”.

O vento parou, e fez-se uma grande calmaria. Jesus disse-lhes então:

“Por que sois tão medrosos? Ainda não tendes fé?”.

Eles sentiram grande temor e comentavam uns com os outros:

“Quem é este, a quem obedecem até o vento e o mar?”.

Se você por estar cansado... cansado de rezar, cansado de esperar, abandona tudo... Você não fez a experiência de um Deus que às vezes “dorme”, que às vezes demora de agir. Mas está dentro do barco.

Sei que assim como eu, você tem muitas histórias pra contar.
Histórias de fortes ventanias, grandes ondas que vem querendo derrubar a sua juventude, a sua fé, esperança...

Acredite no Senhor, e espere Nele, somente Nele.

Se você ainda não fez essa experiência, permaneça no seu barco. Com certeza Ele te ouvirá e dará ordens ao vento e ao mar para que se acalmem, porque esse é um Deus que te ama! É um Deus que foi capaz de se doar por você!

Só Ele te conhece e sabe bem o melhor pra você. Entrega a tua história nas mãos Daquele que tudo pode !

(colaboração enviada por e-mail pela minha amiga Bruna)

domingo, 13 de fevereiro de 2011

Vingança


Numa montanha do Egito, junto ao Mar Vermelho, viviam vários anacoretas sob a direção de Sison, homem bom e virtuoso.

Certa vez, um dos anacoretas, tendo tido séria divergência com outro, sentiu-se ofendido e foi procurar Sison a quem confessou estar resolvido a vingar-se de seu desafeto.

Sison tudo fez para demover o exaltado monge da resolução que havia tomado e procurou convencê-lo de que devia perdoar o ofensor. Vendo, afinal, que os seus conselhos eram infrutíferos, disse:

- Ao menos, meu irmão, façamos juntos uma prece antes de executardes os vossos desígnios vingativos.

Ajoelharam-se os dois diante do crucifixo e Sison iniciou a sua prece com as seguintes palavras:

- Não é mais necessário, meu Deus, para nós o amparo da Vossa assistência e da Vossa proteção, pois este irmão assegura que podemos e devemos vingar-nos por nossas próprias mãos!

Sensibilizado por essas profundas palavras, o anacoreta atirou-se aos pés de Sison e prometeu abjurar todo sentimento de animosidade e vingança. Assim procedem os que confiam em Deus.

Procura confiar em Deus, meu amigo! Procura estar com Jesus. Estar sem Jesus é insuportável inferno; estar com Jesus, é delicioso paraíso. Se Jesus estiver contigo, nenhum inimigo te poderá ofender. Quem acha Jesus, acha um bom tesouro; ou antes, um bem sobre todo o bem. E quem perde Jesus perde muito e muito, é mais do que se perdesse o mundo todo.

É paupérrimo o que vive sem Jesus, é riquíssimo o que está bem com Jesus.

(“Lendas do Céu e da Terra”)

sábado, 12 de fevereiro de 2011

O que Deus quis quando criou as cores


Deus não faz nada que seja inútil, tudo o que Deus criou tem uma finalidade.
O Mundo poderia ser “branco e preto”, por que o mundo é colorido?
Simplesmente para ser mais belo? Só pela beleza?
Não, não é isso. É evidente que Deus colocou as cores no mundo para deixa-lo belo também, imagine as flores sem as cores... Mas não foi só por isso. Há muito mais.
Deus deu a cada cor uma virtude. E aqui entra o meu estudo.
O que Deus quis quando criou as cores?

Capítulo 1 – as cores.

Deus criou apenas três cores: Azul, Vermelho e Amarelo. São chamadas de cores primárias, pois as demais cores decorrem da mistura dessas mencionadas, por isso são chamadas de cores secundárias. Verde (mistura do amarelo com o azul); Laranja (mistura do vermelho com o amarelo); Roxa (mistura do azul com o vermelho). Há outras cores, mas decorrem de misturas entre as cores secundárias e primárias em proporções diferentes, subdividindo-se multiplamente. Cabe lembrar que o Branco é a mistura de todas as cores e o Preto é a ausência de cor (no escuro de um quarto não há luz, portanto não há cor).

As cores exercem uma influencia direta em nosso organismo. Cores primárias, influencias primárias. Cores secundárias e sub-secundárias, influencias secundárias e mais complexas.
A própria definição de cor já é por si esclarecedora: “A cor é uma percepção visual provocada pela ação de um feixe de fótons sobre células especializadas da retina, que transmitem através de informação pré-processada no nervo óptico, impressões para o sistema nervoso.”
Então vê-se que a cor tem uma influência psíquica direta em nosso organismo.

Capítulo 2 – como enxergamos as cores.

Como é que vemos os objetos verdes, azuis, amarelos?
Nós enxergamos por reflexo. Ou seja, a luz “bate” no objeto e seu reflexo chega até nossos olhos. Num quarto totalmente escuro, não enxergamos nada, por absoluta falta de luz.
Mas se o sol é o mesmo para todos, como diferenciam-se as cores?
A luz chega até o objeto. O objeto pela sua qualidade ou característica retém alguns feixes de luz e reflete outros. A cor que refletiu é a que enxergamos.
Por exemplo: Enxergamos alguém com roupa verde, por que aquele tecido reteve todas as outras cores, menos a verde que refletiu.
Se alguém usa roupa preta (ausência de cores) é por que o tecido reteve todas as cores não refletindo nenhuma (por isso as roupas pretas ou mais escuras são as mais quentes).
Se alguém usa roupa branca (reflexo de todas as cores) é por que o tecido não reteve nenhuma cor refletindo todas (por isso as roupas brancas ou mais claras são as mais frescas).

Capítulo 3 – o céu é azul.

O Sol emite ondas de luz. Porém essas ondas de luz têm comprimento e freqüência diferentes. Quando a luz solar chega na Terra, encontra um obstáculo: a atmosfera, ou seja, a grande massa de ar condensada que envolve o planeta. Ao esbarrar nas moléculas de ar, as ondas de diferentes tamanhos (e cores!) começam a se espalhar cada uma de um jeito. As ondas de menor comprimento se espalham com mais facilidade. E assim, como a cor azul tem um comprimento de onda menor do que a vermelha, encontrando a atmosfera se espalha com mais facilidade “colorindo-a de azul”. No entanto o espectro de cor vermelho sendo de comprimento maior, atravessa a atmosfera, e chega na superfície terrestre trazendo-lhe calor.

Uma confirmação importante: Por que os óculos de três dimensões dão a noção de profundidade? Porque eles têm duas lentes de cores diferentes: uma azul e outra vermelha, uma onda curta e outra longa, levando para os nossos olhos ao mesmo tempo uma sensação de proximidade e profundidade.

Capítulo 4 – O que Deus quis quando criou as cores.

A cor vermelha, é uma cor quente por que traz calor consigo: Tem a propriedade de estimular e nos animar. É a cor que lembra heroísmo. O vermelho é forte e não se dispersa com facilidade, aquece e pode atear fogo. O amor de Deus é representado por um Fogo de Amor. Sendo também a cor do Sagrado Coração de Jesus. Lembra-nos de sangue e sacrifício. Que Nosso Senhor derramou Seu Sangue por nós. Portanto o vermelho nos lembra a CARIDADE CRISTÃ, pois é a mais importante das virtudes como nos ensina São Paulo (Epístola I aos Corínthios, 13:1-11).

A cor azul, é a cor do “céu” visível por nos. É a cor da atmosfera da terra. O azul é uma cor suave, que nos dá tranqüilidade e paz. Olhando para o céu, muitas pessoas fazem suas orações. E se Deus quis que nós víssemos o “céu” azul, é por que o azul nos lembra a FÉ CRISTÃ.

A cor amarela tem uma propriedade toda especial. O vidro de uma pequena janela pintado de amarelo dá a idéia de um vitral de igreja. O amarelo vai clarear o ambiente, mas é como se a luz branca viesse revestida por algo que dá vida. O ambiente fica acolhedor. É o mesmo que ligar uma luz branca num ambiente, e em outro colocar um abajur grande com um protetor de tonalidade amarela. Fica muito mais acolhedor. A cor amarela lembra a SACRALIDADE.

Da mistura dessas cores aparecem outras virtudes. Amarelo (sacralidade) misturado com azul (fé) resulta na cor verde (esperança). Da mistura da cor azul (fé) com o vermelho (caridade) resulta a cor roxa da ametista (fidelidade). “A pedra do anel do bispo é a ametista, símbolo de fidelidade à Igreja”. Quando se mistura o vermelho (caridade) com o amarelo (sacralidade) resulta a cor laranja (justiça) “Os Justos resplandecerão como o sol” (São Mateus 13, 43).

Capítulo 5 – A influência das cores sobre nós.

Estudiosos e sabedores de que as cores nos influenciam, passaram a estuda-las para fins propagandísticos, podendo tornar uma pessoa simpática ou mesmo rejeitada dependendo como se produz a imagem da pessoa.
Você já ouviu dizer que para o otimista o mundo é cor-de-rosa, e para o pessimista o mundo é cinza? Quantas vezes ouvimos essa expressão: “Olá, como vai? Tudo azul?”

Então as cores nos influenciam fisicamente e psicologicamente. Estudos científicos tem mostrado experiências impressionantes.

“Um menino de 16 anos, foi preso nos Estados Unidos, sob a influência da droga “pó de anjo”. Ele se debate furiosamente chegando a atacar os policiais. Finalmente dominado, ele é colocado numa cela de prisão diferente, onde todas as paredes estão pintadas com um cor-de-rosa vivo. Primeiro o drogado esmurra violentamente as paredes; seis minutos depois o jovem é encontrado calmo e sentado.” (Revista Seleções do Reader’s Digest de dezembro de 1982 “como as cores afetam o nosso organismo”).

Um único clarão de luz vermelha pode alterar o relógio biológico das algas, e a exposição prolongada a essa luz pode, por exemplo, suscitar o impulso de acasalamento em aves e elevar os níveis de hormônios em camundongos.

Tanto os cientistas da Rússia como os japoneses, concordam que a luz incandescente normal que emite calor e raios vermelhos de luz causa maior produção e agilidade nos funcionários do que as luzes brancas (chamadas também de luzes frias ou fluorescentes).

Expostos os funcionários a luzes vermelhas (a lâmpada incandescente comum) e pequenas luzes verdes, invocava um misto de segurança, esperança e ação, segundo nos descreve Lowell Ponte.

Capítulo 6 - Algumas evidências científicas.

Embora eu tenha colocado neste catítulo algumas interpretações de terceiros (cientistas) sobre a influência das cores no organismo humano, e é certo que isso aconteça, há de ser considerado que a influência é psiquica, ou seja age diretamente na alma podendo, com isso, ter seus reflexos no corpo.

Mas do modo como foi exposta, especificamente neste capítulo 6, a influência das cores traria consequencias diretamente no corpo humano segundo informa o site em que foi pesquisada. E disso não se tem prova científica.

Para evitar equívocos de interpretação, resolví excluir esta parte da postagem, uma vez que este cápítulo 6 não era de minha autoria, mas sim de terceiros.

Em 1984, eu escreví um estudo sobre as cores, onde culminou com uma meditação sobre o significado delas quando Deus as criou. É bom esclarecer que se trata apenas de uma meditação que serviu para uma exposição posterior. Sei que todos os que lerem esta postagem vão interpretar a boa fé de quem a escreveu, pois de nenhum modo alguém poderia saber com exatidão o significado que o próprio Deus quiz dar às cores. No céu certamente saberemos.

Mas fica valendo a sugestão para meditação e para quem faz apostolado. Quem sabe se não surgirá uma outra pessoa que, inspirado por Deus e por Nossa Senhora, dirá que o vermelho não significa a caridade, mas a fé, ou mesmo a fortaleza de Deus...

O que eu pretendi nesta postagem é fazer com que as pessoas possam sempre elevar o nível das conferencias e das conversas, vendo em tudo a obra de Deus.

Amanhã poderá ainda surgir alguém que diga sobre as águas. Cachoeiras brancas como o véu de uma noiva, rios de correnteza forte lembrando a epopéia e os pequenos regatos com sua humildade.

Enfim meus amigos, agradeço os comentários deixados e as sugestões. Isso somente serve para melhorar a qualidade do Blog, cuja intenção principal é fazer apostolado.

(O capítulo 6 não faz parte do trabalho original escrito por mim em 1984, do qual este artigo é apenas um breve resumo)

sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

Os três obreiros


Três operários preparavam pedras para a construção de um grande templo. Aproximei-me do primeiro e perguntei-lhe, fitando-o com simpatia:

- Que estais fazendo, meu amigo?

- Preparo pedras! - respondeu-me secamente. Encaminhei-me para o segundo, e interroguei-o do mesmo modo.

- Trabalho pelo meu salário! - foi a resposta.

Dirigi-me, então, ao terceiro e fiz a mesma pergunta com que já havia interpelado os outros dois:

- Que estais fazendo, meu amigo?

O operário, fitando-me cheio de alegria, respondeu com entusiasmo:

- Pois não vê? Estou construindo uma catedral.

Reparem, meus amigos, no modo tão diverso como cada operário cumpria o seu dever. O primeiro desobrigava-se de uma tarefa para ele material e grosseira; o segundo não visava senão ao dinheiro a receber pelo trabalho e o terceiro contemplava o ideal.

Escravos seremos se, à semelhança do primeiro operário, limitarmos a nossa vida à luta diária.
Entre os ambiciosos nos incluiremos se contemplarmos somente o lucro imediato de nossos esforços.
Felizes serão, porém, aqueles que vivem, lutam e sofrem por um ideal.

Lendas do Céu e da Terra - Malba Tahan

quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

O professor e o príncipe


Conta-se que o Imperador Teodósio, indo um dia assistir à lição que o ilustre Arsênio dava a seu filho Arcádio, herdeiro da coroa, estranhou muito achar o mestre de pé, e o jovem príncipe sentado, e determinou que a partir daquele dia o mestre falasse da cadeira, ouvindo-o o futuro rei, reverentemente de pé e de cabeça descoberta.

Assim inculcou aquele egrégio monarca a seu filho a grande lei do respeito, sem a qual toda educação se torna impossível. E se tanta reverência se deve aos mestres, quanto maior não é a devida aos pais? Não é só respeito, não é só mistura de temor e de amor; é mais que isso: uma profunda veneração, que lhe devemos, uma espécie de culto. E por isso o respeitoso amor dos filhos se chama também piedade.

Nunca devem, portanto, os filhos tomar diante dos pais posturas inconvenientes: dar risadas descompostas, chasquear deles ou tratá-los inconvenientemente.

"Honra teu pai e tua mãe, para que se prolonguem os teus dias na terra que o SENHOR, teu Deus, te dá" - diz Deus no quarto mandamento do Decálogo (Êxodo 20:12).

“Filho meu, não te esqueças da minha lei, e guarda em teu coração os meus mandamentos, porque estes te darão dilatada vida, anos ditosos e paz” (Provérbios, capítulo 3).

Ouvi, filhos os conselhos de vosso pai e segui-os de tal sorte que sejais salvos. O que honra seus pais achará alegria nos filhos, que também o honrarão do mesmo modo e será ouvido no dia da sua oração.

Que magníficas promessas! A nenhum dos outros mandamentos conferiu Deus sanção de prêmio. A este, porém, ajuntou o de uma dilatada e feliz vida como incentivo de sua observância. Ditosos, mil vezes ditosos os filhos que honram seus pais, que os honram tributando-lhes obediência, respeito, amor e serviços!

Adaptação e adequação do que consta em Lendas do Céu e da Terra.

quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

Martim Procelária


Existe em certas regiões marítimas um tipo de pássaro tão branco quanto a neve, cujo prazer é andar na crista das ondas dos mares convulsionados. Deparando-se com algo dentro d’água, mergulha inesperadamente, saindo do outro lado triunfante e com altaneria da bravura cometida, portando no bico o fruto da sua ousadia: um peixe.

Daí vem o seu nome, que é Procelária — pássaro que luta contra as procelas (procelas são as cristas brancas das ondas do mar).

Muito tempo atrás, na época em que os homens sabiam admirar, existia ao lado do paraíso uma região de tal maneira bela, que, segundo os mais famosos sábios, era o espelho da beleza divina.

A fim de evitar a invasão dos demônios e das forças diabólicas, Deus criou em sua volta cordilheiras tão majestosas e tão grandiosas, que nenhum inimigo ousava delas se aproximar. Evidentemente a paisagem não seria tão perfeita se a ela não fosse acrescentado o grandioso panorama marítimo. Sendo assim, no lado da região que dava para o mar, Deus não criou montanhas, mas fabulosas palmeiras imperiais. Nesse pequeno paraíso, os animais mais belos foram criados, não existindo cobras, nem lagartos, nem mosquitos e aranhas. Tudo era maravilha, tudo era encanto.

Como não poderia deixar de ser, os demônios, no mais profundo dos abismos, uivavam e se mordiam de ódio contra tal charme. Queriam, entre um ranger de dentes e outro, estraçalhar aquela maravilha. Mas como? Pelas montanhas, não lhes tinha sido dado o poder; pela praia lhes era impossível, pois a sublimidade da região era tal, que eles ficavam paralisados de terror. Até que se levantou o chefe dos demônios, e disse:

— Vamos enfurecer os peixes do mar mais hediondos, dos mais profundos dos mares, e esperemos uma tempestade. Aí chegará a nossa hora, pois através dos monstros ajuntaremos grande quantidade de água, com a qual devastaremos a região.

Assim se fez. A tempestade veio e a tromba d’água assolou a região encantada. Foi uma desolação quase total. Muitos animais choravam sobre seus filhotes mortos. Os pássaros, apavorados, procuravam novas árvores para seu ninho. E caso houvesse outra borrasca como essa, a perda seria inevitável e irremediável.

Cientes do perigo, todos os animais se reuniram em torno do monárquico leão, a fim de tomar as medidas necessárias.

— Não temam — disse com rugido majestoso o nobre leão. — Isso é obra do demônio e seus seguidores. Deus está conosco. Ordeno aos pássaros, meus embaixadores, que vão até São Francisco, patrono de todos os animais, e lá do céu tragam a solução.

Após sete dias de viagem, chegavam os pássaros junto a São Francisco. O problema foi de difícil solução. De início São Francisco disse:

— Vamos construir montanhas, tão altas como as já existentes, isolando assim por completo a região terrestre da marítima.

— Isso não é possível — disse um pássaro amarelo com listras vermelhas. — Não poderíamos assim fazer, porque perderíamos a grandiosa beleza do mar.

— De fato tens razão. Vamos até Nossa Senhora. É certo que ela nos ajudará.
Nossa Senhora, contente por terem recorrido a Ela, atendeu a todos prontamente:

— Uma das coisas que o mal mais teme é a minha vocação virginal. Você — disse, apontando para um pássaro cinzento que estava pousado no ombro do patrono São Francisco — gostaria de ter a honra desse combate?

O pássaro, com muita humildade, voou até os pés da Virgem, beijou-os devotamente, e Ela lhe disse:

— A honra desse combate se estenderá a todos os seus descendentes. Sempre que houver tempestade, e que as ondas atentarem contra a criação sublime de meu Filho, avancem corajosamente contra as malditas ondas, bradando "Ave Maria Puríssima!" Eu lhes garanto que o mal fugirá, e as vagas das ondas se tornarão inofensivas.

Terminado o conselho, a Mãe de Deus abençoou esse seu filho já consagrado aos serviços da Virgem, enchendo sua alma de heroísmo e amor pelo combate. Imediatamente o pássaro mudou de cor, que era cinza, e tornou-se branco como as espumas do mar. Era o pássaro Procelária. Desse dia em diante, toda a paz dos animais da região ficou confiada à estirpe dos Procelárias.

Uma coisa sabemos: a toda honra concedida por Deus correspondem sacrifícios, que Nossa Senhora nos ajuda a suportar. Portanto, o nosso Procelária teria também seus sacrifícios: não lhe foi dado o tempo de construir para si ninhos confortáveis e aconchegantes, como os demais pássaros. O Procelária e seus descendentes teriam que viver em buracos nas pedras, enfrentando dia e noite o frio e a chuva, a fim de estarem a todo momento prontos para o combate.

Ao saber das boas novas, o bravo leão, junto com sua corte, rendeu graças à Virgem, Rainha dos Exércitos. Usando de sua astúcia militar, o rei dos animais não perdeu tempo: analisou o campo de batalha e indicou os pontos estratégicos.
É de chamar a atenção o que se passou com os Procelárias: nasceram muitos filhotes, porém nem todos nasciam brancos e reluzentes. Havia os que nasciam cinzentos, e esses, ao se tornarem adultos, iam para o vale e aí formavam seus ninhos confortáveis, constituindo uma família enorme de pássaros cinzentos. Desses cinzentos, quando algum pássaro branco nascesse, desde jovem ia para as montanhas de pedras. Em suma, a honra do combate era somente para os portadores da bênção da Virgem.

Os Procelárias brancos eram em número de vinte. O vigésimo, em certa época, chamava-se Martim Procelária, e é aqui que começa a história.

Martim era o Procelária mais cândido, o que mais luz refletia. Tal era a sua alvura, que nenhum pássaro conseguia fitá-lo por muito tempo. Nos combates às forças infernais, Martim Procelária era o mais ousado, e no brado à Virgem ele era o mais harmonioso. O inferno sofria e espumava de ódio, pois havia o Martim Procelária.
Belzebú, chefe dos infernos, com seus uivos medonhos, rosnando, reuniu novamente seus asseclas para maquinarem planos de destruição do vale maravilhoso:

— Precisamos eliminar um dos Procelárias. Assim, com um ponto fraco, conseguiremos derrubar o vale. E temos que eliminar o mais importante deles: o Martim Procelária.

Era quase noite. O vento frio uivava violentamente por entre as pedras e cavernas da montanha. E lá, na vigésima guarita de pedra, estava o nosso bravo Martim. De repente entra um sopro frio, lentamente, como jamais se fizera sentir. Era o sopro da tentação. Nisso o Martim pensou:

- Como é dura a minha vida! Nem tenho ninho confortável! Creio até que os animais, lá no vale, nem sabem que existo. Era o começo de uma tentação terrível.

O dia seguinte amanheceu nublado, e o pobre Martim voava de maneira diferente. O que se passava? Talvez nem ele mesmo soubesse. Mas o que sentia era um vazio na alma. Para que estaria ele fazendo todo aquele sacrifício? Talvez sua vocação fosse outra... Eram os demônios, querendo destruí-lo com tentações.

Estava certo dia sobre uma pedra, tomando um agradável banho de sol, e seus pensamentos vagavam pelo vazio. Olhando para o alto, viu cortar o azul celeste um ponto negro. Sentiu o mesmo vento frio do outro dia. Sua alma, cheia de dúvidas, já estava preparada para ser atacada pelo inimigo.

Ao se aproximar o horrível ponto negro, Martim notou que era um pássaro de vôo majestoso. Pela tranqüilidade aparente do vôo, parecia que jamais preocupação alguma cortava seu caminho, tudo era brincadeira. O misterioso pássaro contornava suavemente as brancas nuvens, que pareciam brincar com ele. Isso atraía a atenção de Martim, e Belzebu, o chefe das trevas, sorria com isso.Instintivamente, quiçá levado pela admiração, Martim começou a voar. Subiu... subiu... até que teve um pequeno sobressalto: a aparência do misterioso voador não correspondia à majestade de seu vôo. Enquanto seguia rumo a ele, o monstro preto como urubu voltou sua cabeça despenada para Martim, e tentando ser agradável, disse:

— Oi!

Que diferença entre esse cumprimento e aquele do céu, "Ave Maria Puríssima"...
Mas, já fraco pela tentação, o infeliz Martim teve vergonha de ser ridicularizado se respondesse como sabia. E então pensou:

- Quem sabe se, para conquistar sua amizade, um outro "oi!" não ajudasse...

O pobre Procelária não sabia que seu brado "Ave Maria Puríssima" espantaria o demônio ali encarnado.

— Oi! — respondeu o Martim, após muita hesitação.

A alma de Martim já estava inteiramente quebrada pela tentação do conforto, do sossego...

— Menelau é o meu nome — disse o urubu, já triunfante da primeira batalha. — A mim foi dado todo este panorama. Tenho liberdade de ir para onde eu quiser. Nada me detém. Comida não me falta. Tudo para mim é conforto: minha esposa, meus filhos, meu lar... E você, o que tem?

Coitado do Martim! Ficou com vergonha de dizer que só tinha a glória. Vendo sua hesitação, Menelau insistiu:

— Venha comigo! Repartiremos juntos minha felicidade, meus vôos e meus panoramas. Para mim é fácil dar tudo isso a você. Queres? É só me seguir.

O Martim ainda se lembrou:

— Mas se as ondas vierem e...

— Nada disso! — rugiu Menelau, cortando as palavras de Martim. E depois procurou ser suave:

— Estamos na primavera. Ondas, tempestades, só daqui a seis meses, no inverno. E além do mais, daqui a três meses você será substituído. Nesse ínterim você terá aquela felicidade...

Sem esperar resposta, Menelau levou Martim para conhecer outros panoramas. Tudo era novidade para o pequeno Martim. Ele estava encantado, e nem mais lhe causava estranheza a feiúra e horror do seu novo amigo. De fato o mar estava calmo, não havia perigo. O infeliz Procelária resolveu seguir o asqueroso urubu. Voaram juntos por um bom tempo, e depois a fome começou a apertar.

— Onde está o alimento? — perguntou ingenuamente o Martim, olhando um pouco inquieto para Menelau.

— Logo o teremos. Veja lá em baixo, são todos os meus parentes que estão reunidos em torno de seu banquete. Vamos até lá.

E assim, em círculos cada vez mais baixos, suavemente começaram a se aproximar do festim.

- Que será aquilo? — pensava Martim. — Qual será a surpresa? Parece ser boa, pois todos comem com tal avidez. Parece que nem respiram para comer.

Na realidade a surpresa lhe foi desagradável.

— Que mau cheiro!!!

— Venha rápido — gritou Menelau, com a boca cheia de carniça. — Se não chegar logo, nada lhe sobrará.

Menelau, sem mesmo ter acabado de chegar, já se atolara na carniça.

— Mas isto é o meu alimento tão prometido? — perguntou Martim.

— Ora, a coisa não é tão ruim. É só uma questão de hábito.

Aproximando-se ainda mais da malcheirosa carniça, Martim titubeou.

— O que é isso? — perguntou o raivoso urubu. — Não quer ser um dos nossos? Então coma.

A fome era grande... e o Martim comeu. Imediatamente suas penas brancas e reluzentes tornaram-se negras e opacas como um carvão. Seu bico reto e agudo, próprios para os brados à Virgem, tornou-se curvo e ensebado como um anzol velho. Seu pescoço tornou-se despenado e cheio de pelancas. Sua voz harmoniosa tornou-se um hediondo grasnar rouco e desafinado.
O bando dos urubus caiu na gargalhada.

— Agora não adianta mais. Tu serás um dos nossos para todo o sempre.

E as gargalhadas no meio da comilança continuaram.

- Já não sou mais um Procelária. Tornei-me um urubu — pensou o degradado Martim, e afundou-se na carniça podre e purulenta.

Passaram-se dois meses. Martim não conhecia mais a alegria. A nova amizade o enganara. Martim estava enfadado da vida. Começou a voar só e muito alto. Menelau, porém, o vigiava atentamente e à distância. Em seus vôos solitários, Martim olhava nostálgico para o azul do mar, sem todavia ter coragem de retornar.

- Como eu pude abandonar minha vocação? — pensava o Martim. — Que fraqueza a minha! Deixei de ser um eremita Procelária para ser o mais podre dos animais. Quando Nossa Senhora chama alguém para uma vocação tão alta, e esse alguém volta as costas para a vocação, o tombo é grande, e se afunda no mais profundo dos abismos. Quando se tira o peixe para fora d’água ele morre, porque foi feito para viver na água. Assim também, quando Deus cria alguém para uma vocação e este se afasta dela, morre como o peixe fora d’água.

Em tudo isso Martim pensava. E quando a saudade lhe batia na alma, o negro urubu Menelau logo intervinha com sarcasmo:

— Isso é coisa do passado... Nunca mais você voltará a ser um eremita Procelária. Aliás, vou lhe revelar um segredo. Olhe bem para o horizonte. Que está vendo?

— Vejo uma enorme nuvem escura, prenunciando uma borrasca.

— Pois é, dentro de pouco tempo uma tempestade virá, e seu vale será totalmente destruído.

E assim Menelau descreveu, entre gargalhadas, toda a terrível trama dos demônios e o seu pacto com Belzebu, pois este havia prometido que, se Menelau destruísse o Martim, o vale iria ser destruído e toda a carniça do vale seria dos urubus.

— Veja! — berrou o maldito.

As nuvens negras começaram a se unir, tornando o céu sem luz e de uma escuridão quase palpável. Os ventos começaram a se tornar violentíssimos. A tempestade desabou. Raios e relâmpagos cruzavam o céu.

Os dezenove Procelárias entoavam cânticos de guerra e formavam fileiras próximo às guaritas de pedra, preparando-se para o combate. Os Procelárias sabiam que este seria um terrível combate, pois uma guarita, a vigésima, estava vazia. O que teria acontecido com o bravo Martim? Dos dezenove Procelárias, nenhum sabia dizer.
Repentinamente um raio ensurdecedor deu início à batalha. Furacões gigantescos se batiam contra a arrojada defesa do pequeno paraíso, e os Procelárias, quase esgotados pela fadiga, não se rendiam, pois tinham de seu lado a promessa da Virgem.
O pequeno Martim já não mais ouvia o "fala-fala" do urubu carniceiro. Uma saudade imensa invadia sua alma. Tinha saudade do tempo em que ele era alvo e luminoso, tinha saudade do tempo em que Nossa Senhora o amava.

Menelau, com sua percepção diabólica, sabia o que se passava na alma de Martim, e procurava com todas as forças apagar o entusiasmo que crescia no coração dele:

— A perda de inocência é irreparável, você não tem mais salvação, você é negro como um urubu... O inimigo que ataca os Procelárias não é nada, perto do que vem agora.

Nisso, algo de assustador desponta no horizonte. Uma onda colossal, até então jamais vista, estava se avolumando e caminhando na direção da vigésima guarita, que estava vazia. Enquanto isso os outros Procelárias davam uma mostra de heroísmo sem igual, mas combatiam na outra extremidade, levados por um plano do inimigo, e nada percebiam.
A onda que se aproximava era um verdadeiro furacão devastador. A impressão que se tinha era que os demônios retiraram todas as águas do mundo e ali as concentravam, para a satânica investida.

— Seu paraíso está irreparavelmente perdido — gritou o urubu. — A investida será feita pela vigésima guarita. Você a conhece?

O Procelária, para desespero do urubu, já não se interessava mais pelo que estava ao seu redor. No mais profundo de sua alma, ele rogava a Nossa Senhora:

— Perdão, minha Mãe. Estou arrependido do que fiz. Dai-me forças novamente. Perdão, minha Mãe. Dai-me forças...

No fundo do seu coração, sentiu uma voz que dizia:

— Coragem! Vá, meu filho, vá! Estarei contigo!

Martim, com ar decidido, esticou as asas e lançou-se a toda velocidade contra a tromba d’água, sem perceber que aos poucos suas penas tornavam-se brancas novamente. O maldito urubu, desesperado, agarrou as patas de Martim, tentando evitar a sua conversão, e os dois afundaram na gigantesca onda. Tudo se acalmou. Tudo estava acabado. O vale estava salvo. No mar, uma grande mancha de sangue em forma de cruz trazia o corpo de Martim para a praia.

E até hoje, quando os eremitas Procelárias marcham entoando seus cânticos de guerra, contando seus feitos nas batalhas, nunca deixam de cantar um cântico dedicado a Martim Procelária, cuja letra é a seguinte:

"Certa vez, neste mar, uma grande guerra se travou entre os nobres Procelárias e o terrível poder das trevas. Mas quando tudo parecia perdido, eis que do céu veio uma luz de grande intensidade, e ouviu-se um brado como nunca se ouvira: AVE, MARIA PURÍSSIMA! Esse raio de luz, que era o Martim, penetrou junto com Menelau num grande furacão, e assim venceu-se a batalha.Pôde-se ver então a Justiça Divina: Martim Procelária arrependido e convertido foi ao céu; e Belzebu fugiu acovardado, levando entre os dentes o precito urubu, que teve a mesma sorte de todos os que atentam contra os filhos da Virgem. Passará a eternidade ao lado de Judas, continuamente triturados pelos dentes pútridos, mal cheirosos e incandescentes de Satanás".