Mas porque Almas Castelos? Eu conheci algumas. São pessoas cujas almas se parecem com um castelo. São fortes e combativas, contendo no seu interior inúmeras salas, cada qual com sua particularidade e sua maravilha. Conversar, ouvir uma história... é como passear pelas salas de sua alma, de seu castelo. Cada sala uma história, cada conversa uma sala. São pessoas de fé flamejante que, por sua palavra, levam ao próximo: fé, esperança e caridade. São verdadeiras fortalezas como os muros de um Castelo contra a crise moral e as tendências desordenadas do mundo moderno. Quando encontramos essas pessoas, percebemos que conhecer sua alma, seu interior, é o mesmo que visitar um castelo com suas inúmeras salas. São pessoas que voam para a região mais alta do pensamento e se elevam como uma águia, admirando os horizontes e o sol... Vivem na grandeza das montanhas rochosas onde os ventos são para os heróis... Eu conheci algumas dessas águias do pensamento. Foram meus professores e mestres, meus avós e sobretudo meus Pais que enriqueceram minha juventude e me deram a devida formação Católica Apostolica Romana através das mais belas histórias.

A arte de contar histórias está sumindo, infelizmente.

O contador de histórias sempre ocupou um lugar muito importante em outras épocas.

As famílias não têm mais a união de outrora, as conversas entre amigos se tornaram banais. Contar histórias: Une as famílias, anima uma conversa, torna a aula agradável, reata as conversas entre pais e filhos, dá sabedoria aos adultos, torna um jantar interessante, aguça a inteligência, ilustra conferências... Pense nisso.

Há sempre uma história para qualquer ocasião.

“Ide por todo o mundo e pregai o Evangelho a toda criatura” (Mc. 16:15)

Nosso Senhor Jesus Cristo ensinava por parábolas. Peço a Nossa Senhora que recompense ao cêntuplo, todas as pessoas que visitarem este Blog e de alguma forma me ajudarem a divulga-lo. Convido você a ser um seguidor. Autorizo a copiar todas as matérias publicadas neste blog, mas peço a gentileza de mencionarem a fonte de onde originalmente foi extraída. Além de contos, estórias, histórias e poesias, o blog poderá trazer notícias e outras matérias para debates.

Agradeço todos os Sêlos, Prêmios e Reconhecimentos que o Blog Almas Castelos recebeu. Todos eles dou para Nossa Senhora, sem a qual o Almas Castelos não existiria. Por uma questão de estética os mesmos foram colocados na barra lateral direita do Blog. Obrigado. Que a Santa Mãe de Deus abençoe a todos.

sábado, 30 de julho de 2011

As flechas e a ironia


Traziam no combate, numa padiola, um guerreiro que muitas flechadas haviam mal-ferido. E o seu sangue ardente e generoso ia marcando pelo chão o seu caminho de dor.

Passou por ele um chefe inimigo que fora aprisionado e os soldados que o escoltavam diziam-lhe zombarias e insultos. O prisioneiro, apesar da triste situação em que se achava, ao ver passar o guerreiro ferido, murmurou algumas palavras de piedade e simpatia.

O guerreiro ouvia-as e respondeu-lhe:

- Sofre menos o homem golpeado por uma flecha do que aquele que é ferido por insultos e zombarias. Tenho, igualmente, muita pena de vós!

Poucos são, na vida, aqueles que sabem resistir ao escárnio e à ironia.

É difícil lutar contra essa coisa à qual poucos resistem: a ironia. Saber resistir a um sorriso de desprezo é sinal de inteira força moral. Mais medo deverás ter do indivíduo que te ridiculariza do que daquele que te ataca brutalmente; este revolta-te, aquele perturba-te, e esta perturbação é, muitas vezes, o primeiro indício da derrota.

(Lendas do Céu e da Terra – autor D.)

quinta-feira, 28 de julho de 2011

O elefante e o pequenino


Ao regressar, certa vez de uma excursão às florestas de Keroh, na Índia, encontrei, na estrada, um menino que puxava um enorme elefante. O garotinho caminhava ligeiro, e a alegria de sua fisionomia revelava a despreocupação de seu espírito. Devia ter, no máximo, oito ou nove anos.

Para observa-lo, pus-me a segui-lo a pequena distância.

Junto a uma fonte ele parou e fez parar, também, o monstruoso paquiderme.

A seguir gritou para o elefante:

- Deita-te, Baluque!

O paciente e pesado animal obedeceu no mesmo instante.

Que fez, então, o pequeno? Tomou de um pedaço de corda, feita grosseiramente de talos de palmeira, e amarrou uma das patas do elefante a uma árvore que se erguia à margem da estrada. E a seguir disse, muito sério, ao Baluque:

- Fica quietinho, ouviste? Voltarei daqui a pouco. Se te levantares daí levarás uma surra daquelas!

E repetiu:

- Estás ouvindo?

Sim. Baluque ouviu. Ouviu e compreendeu, pois daquele lugar, junto à árvore, não saiu enquanto o menino esteve ausente.

E que prendia, afinal, o elefante? Uma simples embira que qualquer cachorro poderia, facilmente, rebentar.

As paixões da alma são como as brutas feras da Índia.

Confia em Deus, segue os ensinamentos do Evangelho, e poderás aprender com a tua energia todos os Baluques do pecado, que enchem de tanto horror os incrédulos.

(Lendas do Céu e da Terra – Malba Tahan)

A Benção da Medalha de São Bento


Já foi visto a grande eficácia da Medalha de São Bento. Mas para que os fiéis obtenham todos os benefícios da Medalha é necessário que ela seja benta com uma benção especial.

Há que se fazer uma distinção sobre as bênçãos. O Sacerdote pode benzer um objeto religioso, porém para certos tipos de atos é necessária uma benção especial que é devidamente aprovada para isso. E mesmo assim, não é todo o Sacerdote que está autorizado a dar referida benção especial. Por exemplo: quando a pessoa vai usar o escapulário do Carmo, a imposição do escapulário é precedida de uma benção sobre o escapulário que somente Sacerdotes devidamente autorizados por um privilégio especial podem faze-lo. Da mesma forma a Medalha de São Bento. Além dos Beneditinos, alguns outros Sacerdotes podem benzer a Medalha de São Bento, mas necessitando para isso uma autorização ou obter um privilégio da Igreja para esse fim.

Da mesma forma o uso do escapulário. Para impor o escapulário o Padre deve ter autorização para isso.

Sua Santidade o Papa Bento XIV escreveu um BREVE em 12 de março de 1742, aprovando a Medalha com a Cruz, a efígie de São Bento e os caracteres que ela apresenta. Sancionou a fórmula da benção que lhe deve ser aplicada, e concedeu numerosas indulgências aos que a levassem consigo.

Trechos do BREVE de Sua Santidade o Papa Bento XIV:

Bento XIV, Papa

PARA PERPÉTUA MEMÓRIA DO ATO E PARA AUMENTAR A DEVOÇÃO DOS FIÉIS A JESUS CRISTO

[...]
Nosso amado filho Bennon Löbl, Monge professo da Ordem de São Bento e presentemente Abade do mosteiro de Brzewnow in Brauna, na diocese de Praga, mosteiro nullius, livre, isento e sujeito imediatamente à Sé Apostólica, e além disso Preboste de Wahlstad na Silésia, Prelado mitrado do reino da Boêmia e Visitador perpétuo da referida Ordem da Boêmia, Morávia e Silésia, mandou expor-Nos recentemente que em outra ocasião pediu-Nos, para seus sucessores, bem como para todos e cada um dos Abades, Priores e outros Monges da mesma Ordem sujeitos a ele e a seus sucessores que exercerem o mesmo direito de Visitador, a faculdade de benzer, segundo a fórmula expressa na petição, as Medalhas ou Cruzes chamadas de São Bento, de distribuí-las respectivamente para se ganharem as indulgências que lhes foram liberalmente anexadas; com proibição feita a qualquer outra pessoa eclesiástica de intervir nessa obra pia: a qual faculdade lhe foi benignamente concedida e outorgada por Decreto da Sagrada Congregação dos Cardeais da Santa Igreja Romana, preposta às Indulgências a 23 do mês de dezembro do ano de 1741, decreto esse que é do teor seguinte:

DECRETO PARA A ORDEM DE SÃO BENTO NA BOÊMIA, MORÁVIA E SILÉSIA:

Às humildes e repetidas súplicas de Dom Bennon Löbl, Abade do Mosteiro livre e isento de Brzewnow na Brauna, da Ordem de São Bento, Preboste de Wahlstad na Silésia, Prelado mitrado do reino da Boêmia e Visitador perpétuo da referida Ordem da Boêmia, Morávia e Silésia: o Nosso Santíssimo Padre Bento XIV houve por bem conceder e outorgar ao mesmo Bennon e a seus sucessores, bem como a todos e a cada um dos Abades, Priores e outros Monges Sacerdotes, que lhe estão presentemente sujeitos como Visitador perpétuo, a faculdade particular de benzer as Medalhas ou Cruzes conhecidas pelo nome Cruzes de São Bento, das quais uma face representa a imagem do mesmo São Bento, e a outra uma Cruz tendo em redor estas letras ou caracteres, [segue as letras e o significado de cada uma delas] e cuja benção se fará segundo a fórmula seguinte:

V. Adjutorium nostrum in nomine Domini.
R. Qui fecit coelum et terram.
Exorciso vos, numismata, per Deum Patrem + omnipotentem, qui fecit coelumet terram, mare et omnia quae in eis sunt: omnis virtus adversarii, omnis exercitus diaboli, et omnis incursus; omne phantasma Sathanae, eradicare et effugare ab his numismatibus, ut fiant omnibus, qui eis usuri sunt, salus mentis et corporis, in nomine Dei Patris + omnipotentis, et Jesu Christi + Filii ejus, Domini Nostri, et Spiritus Sancti + Paracliti, et in charitate ejusdem Domini Nostri Jesu Christi, qui venturus est judicare vivos et mortuos et saeculum per ignem.
R. Amen.
Kyrie eleison, Criste eleison, Kyrie eleison. Pater Noster, etc.
V. Et ne nos inducas in tentationem.
R. Sed libera nos a malo.
V. Salvos fac servos tuos.
R. Deus meus, sperantes in te.
V. Esto nobis, Domine, turris fortitudinis.
R. A facie inimici.
V. Deus virtutem populo suo dabit.
R. Dominus benedicet populum suum in pace.
V. Mitte eis, Domine, auxilium de Sancto.
R. Et de Sion tuere eos.
V. Domine, exaudi orationem meam.
R. Et clamor meus ad te veniat.
V. Dominus vobiscum.
R. Et cum spiritu tuo.

Oremus. Deus omnipotens, omnium bonorum largitor, supplices te rogamus ut per intercessionem sancti Patris Benedicti his sacris numismatibus, litteris et characteribus a te designatis, tuam benedictionem + infundas, ut omnes, qui ea gestaverint, ac bonis operibus intenti fuerint, sanitatem mentis et corporis, et gratiam sanctificationis, atque indulgentias nobis concessas consequi mereantur, omnesque diaboli insidias et fraudes per auxilium misericordiae tuae effugere valeant, et in conspectu tuo sancti et immaculati appareant. Per Dominum, etc.

Oremus. Domine Jesu, qui voluisti pro totius mundi redemptione, de Virgine nasci, circumcidi, a Judaeis reprobari, Judae osculo tradi, vinculis alligari, spinis coronari, clavis perforari, inter latrones crucifigi, lancea vulnerare et tandem in cruce mori: per tuam sanctissimam Passionem humiliter exoro, ut omnes diabólicas insidias et fraudes expellas ab eo, qui Nomen sanctum tuum his litteris et characteribus a te designatis devote invocaverit, et eum ad salutis portum perducere digneris. Qui vivis et regnas, etc.

Benedictio Dei Patris + omnipotentis, et Filii +, et Spiritus + Sancti descendat super haec numismata, ac ea gestantes, et maneat semper. In nomini Patris + et Filii + et Spiritus + Sancti. Amen.
(Aspergatur aqua benedicta).


Eis aí, então, o texto da Benção da Medalha de São Bento.

Continuando, literalmente, no que consta no BREVE de Sua Santidade o Papa Bento XIV:

“Não obstante qualquer prescrição em contrário, Sua Santidade declarou que as Medalhas de que se trata, se não tiverem sido bentas pelos Monges acima designados, ou por aqueles a quem a Santa Sé por privilégio especial conceder essa faculdade, não gozarão absolutamente de indulgência alguma”
[...]
“Além disso Sua Santidade proíbe expressamente que algum Sacerdote, ou secular, ou de qualquer Ordem, Congregação ou Instituto regular, e qualquer que seja a dignidade, ou cargo de que esteja investido, à exceção dos ditos Monges acima designados, ou daqueles a quem a Santa Sé houver concedido um Indulto por especial privilégio, se atreva ou presuma benzer as ditas Medalhas ou Cruzes, ou distribuí-las aos fiéis, sob as penas que, além da nulidade da benção e das indulgências, forem infligidas, a arbítrio dos respectivos Ordinários dos lugares ou dos Inquisidores da fé, segundo a gravidade da culpa. Não obstante qualquer coisa em contrário, e devendo as presentes ter valor perpétuo.”

É o que consta nos documentos da Igreja.

(“A Medalha de São Bento” – Dom Próspero Gueranger O.S.B. – Abade de Solesmes – Editora Artpress – São Paulo)

A velha no hospital


Em 1854, uma mulher idosa morava num hospital de doentes incuráveis, onde estava sempre na cama em conseqüência de uma paralisia quase total. Seus sentimentos eram os de uma ímpia furiosa, e de sua boca brotavam incessantemente as mais nojentas conversas, misturadas com atrevidas blasfêmias, a tal ponto que muitos a consideravam endemoniada. Desconfiava-se de que ela guardava na cama certos objetos maus, aptos a conserva-la em tão perversas disposições.

Um dia, desocupou-se o dormitório para limpa-lo; tiraram-na para uma sala vizinha, apesar dos uivos que soltava. Debaixo de seu colchão, as irmãs encontraram um saquinho com objetos de origem e destino mais do que suspeitos. Colocaram no mesmo lugar uma medalha de São Bento, e daí a pouco levaram a enferma de novo para a cama, sem lhe avisarem do que se havia feito em sua ausência. Mas sem dúvida algo lhe revelou o espírito mau; pois ela, quando ia ela chagando perto da cama, começou a gritar violentamente com as Irmãs, queixando-se de que lhe haviam roubado o saquinho.

Deitaram-na, entretanto e, de repente, um sossego extraordinário sucedeu aos costumeiros gritos. A alegria lhe transparece na fisionomia que até então só apresentava traços horrivelmente crispados. A pobre criatura pede um padre. Alguns dias depois, na enfermaria transformada em Capela, toda resplandecente de luzes e enfeitada com flores, recebia a Nosso Senhor que vinha consolar e curar aquela alma, escapada, como uma avezinha, da armadilha infernal rompida.

(Livro: A Medalha de São Bento - Dom Próspero Guéranger O.S.B. - Abade de Solesmes - Artpress - São Paulo)

terça-feira, 26 de julho de 2011

A Medalha de São Bento

A Medalha de São Bento é um objeto sagrado examinado e aprovado pela Igreja, e que reúne a força triunfante da Santa Cruz, que nos salvou, à recordação de São Bento, um dos mais ilustres servidores de Deus.

Basta que o cristão considere a virtude soberana da Cruz de Jesus Cristo para compreender a dignidade de uma medalha na qual ela vem representada.

A Cruz foi, na realidade, o instrumento da redenção do mundo; ela é a árvore da salvação sobre a qual foi expiado o pecado original. Depois do Santíssimo Sacramento, nada há sobre a terra mais digno de nosso respeito do que a Cruz.

A honra de figurar na mesma medalha com a imagem da Santa Cruz foi concedida a São Bento, com a finalidade de indicar a eficácia que aquele sagrado sinal teve em suas mãos.

São Gregório Magno, que escreveu a vida do Patriarca São Bento, o representa dissipando com o sinal da Cruz suas próprias tentações, e quebrando com o mesmo sinal, feito sobre uma bebida envenenada, o cálice que a continha.

Se o espírito maligno, para aterrorizar os monges, lhes faz parecer em chamas o mosteiro de Monte Cassino, São Bento logo dissipa esse prodígio diabólico fazendo sobre as chamas fantásticas o mesmo sinal da Paixão do Salvador.

Quando seus discípulos andam interiormente agitados pelas sugestões do tentador, indica-lhes como remédio o traçarem sobre o coração a imagem da Cruz.

Assim, inúmeros exemplos e fatos se tiveram pelo uso eficaz do sinal da Cruz.

A Medalha de São Bento deve ser benta por uma oração especial, própria para a medalha. Normalmente muitas pessoas não sabem disso. Compram a Medalha e já logo colocam ao pescoço, ou ainda pedem para o padre benze-la com uma benção comum de objeto religioso. Porém é necessário que a Medalha receba uma benção especial própria da medalha. Há uma benção própria para isso. Como se trata de uma benção longa, os padres normalmente pedem para reunir todas as Medalhas e assim poder benzer todas de uma só vez.

Uma certa vez, uma senhora estava com problemas sérios em sua família. Desacertos com seu marido, filhos rebeldes, vida financeira ruim... Ficou sabendo da Medalha de São Bento, comprou-a e pediu para o sacerdote benze-la com a oração exorcística própria da medalha. Em sua casa havia um filtro de barro para colocar água. Toda a vez que enchia o filtro, ela mergulhava a medalha na água e com fé pedia a São Bento que ajudasse sua família. Ao cabo de alguns dias tudo começou a melhorar, pois a água santificada pelo contato com a Medalha de São Bento trouxe grandes graças para todos que a bebiam.

Numa localidade da Sabóia, pelos idos 1861, uma menina de seis anos era atormentada por dores agudas. Seus nervos tinham de tal modo se contraído que não se podia toca-la com a ponta do dedo se que ela sentisse fortíssimas dores. Neste estado, não podia aceitar alimento ou bebida de espécie alguma.
Duas religiosas foram visitar a menina doente, para levar a sua mãe algum conforto. Levavam consigo algumas medalhas de São Bento.
Chegando lá recomendaram que colocassem a medalha de São Bento no pescoço da menina, e tentassem faze-la engulir alguma bebida em que se houvesse mergulhado a Medalha.A mãe da enferma cumpriu fielmente a piedosa prescrição, e imediatamente se fez sentir um notável alívio. Ao Cabo de Alguns dias, levanta-se a menina perfeitamente curada.

Assim, são inúmeros os casos de curas, de milagres, de graças recebidas através do poder exorcístico da Medalha de São Bento.
Na frente da medalha aparece uma cruz e as letras C S P B gravadas. Estas letras são abreviações da frase em latim:
Cruz Sancti Patris Benedicti (Cruz do Santo Pai Bento).

Na haste vertical da cruz estão gravadas as letras: C S S M L que significam:
Crux Sacra Sit Mihi Lux (A cruz sagrada seja minha luz).

Na haste horizontal, as iniciais N D S M D:
Non Draco Sit Mihi Dux (Não seja o dragão (demônio) meu guia).

No alto da cruz está gravada a palavra PAX (Paz), que é o lema da Ordem de São Bento.

As letras: V R S N S M V que significam:
Vade Retro Sátana Nunquam Suade Mihi Vana
(Retira-te, satanás, nunca me aconselhes coisas vãs).

E as letras S M Q L I V B:
Sunt Mala Quae Libas Ipse Venena Bibas
(É mau o que me ofereces, bebe tu mesmo o teu veneno).
A imagem de São Bento aparece no verso da medalha. Ele segura na mão esquerda o livro da Regra que escreveu para os monges beneditinos. Na outra mão, ele segura a cruz. Ao redor da medalha, lê-se:
Eius in Obitu nro Praesentia Muniamur
(Que São Bento nos conforte na hora da nossa morte).

“A Cruz Sagrada seja a minha luz,
Não seja o dragão o meu guia.
Retira-te Satanás,
Nunca me aconselhes coisas vãs.
É mal o que tu me ofereces,
Bebe tu mesmo o teu veneno.”

("A história maravilhosa e a eficácia comprovada da Medalha de São Bento - Dom Próspero Guéranger - Abade de Solesmes)

segunda-feira, 25 de julho de 2011

Nossa Senhora e as Modas


Em revelações a Jacinta, Nossa Senhora previu uma decadência moral espantosa em modas:

"Os pecados que levam mais almas para o inferno são os pecados da carne."

"Hão de vir umas modas que hão de ofender muito a Nosso Senhor."

"As pessoas que servem a Deus não devem andar com a moda. A Igreja não tem modas. Nosso Senhor é sempre o mesmo."

(Antonio A. Borelli Machado, "As aparições e a mensagem de Fátima conforme os manuscritos da Irmã Lúcia", 31ª edição, p. 66)

domingo, 24 de julho de 2011

A Morte e o Lenhador


Já ouvi muitos corajosos que dizem que não tem medo da morte. Mas a morte é um fato terrível, não só por que se perde a vida, mas por causa do Juízo Particular. Ser julgado por Deus, prestar contas de seus atos, ver diante de si seus pecados e suas virtudes... O homem sensato treme ao pensar nessas coisas.

É tão dura a hora da morte que a vida toda o católico reza a Ave Maria pedindo: ”rogai por nós, agora e na hora de nossa morte.” Ora, passamos a vida toda rezando pela hora de nossa morte, e por que?

Porque nessa hora tão difícil não haverá tempo para pedirmos mais nada. Porque a morte é tão dura para nós que passamos toda a vida pedindo a assistência de Nossa Senhora para esse momento tão doloroso. O demônio passa a vida toda tentando nos levar ao pecado, e até nesse último instante ele ainda está lá tentando nos perder para assim perdermos o céu. Se morre como se vive. Quem viveu liberalmente, na hora terrível as piores tentações lhe virão na cabeça. Quem viveu virtuosamente, as orações brotarão naturalmente de seus lábios. Não basta praticar algumas virtudes, mas é preciso que a virtude seja um hábito em sua vida. Quem não tem medo da morte?

“Santa Maria, rogai por nós agora, e na hora de nossa morte. Amém”

A morte do lenhador:

Um velhinho, muito velho, vivia de tirar lenha na mata. Os feixes, porém, cada vez lhe pareciam mais pesados. Tropicava com eles, quase caía, e um dia, caindo de verdade, perdeu a paciência e lamentou-se amargamente:

- Antes morrer! De que me vale a vida, se nem com este miserável feixe posso? Vem, ó Morte, vem aliviar-me do peso desta vida inútil.

Tentou erguer a lenha. Não pode e, desanimado, invocou pela segunda vez a Magra.

- Por que demoras tanto, Morte? Vem, já pedi, vem aliviar-me do fardo da vida. Andas pelo mundo a colher criancinhas e esqueces de mim que te chamo...

A Morte foi e apareceu – horrenda, escaveirada, com os ossos a chocalharem e a foice na mão.

Ao vê-la de perto o homem estremeceu de pavor, e mais ainda quando a Magra lhe disse, batendo os ossos do queixo:

- Chamaste-me; aqui estou!

O velho tremia, suava... E para sair-se dos apuros só teve esta:

- Chamei-te, sim, mas para me ajudares a botar esta lenha às costas...

(autoria: Monteiro Lobato. Do livro Florilégio Nacional – de Português 4ª Série – ano de 1944, que pertenceu ao meu falecido pai)

sábado, 23 de julho de 2011

Milagres do Céu


Com esta postagem, encerro o assunto sobre Santa Clara. Eu devia isso às irmãs clarissas, como gratidão, pois muito rezaram por todos nós.

DEPOIS DA MORTE DE SANTA CLARA:

CURA DE POSSESSO:

Um menino de Perussa, chamado Jacobino, parecia não tanto doente, mas antes possesso de um espírito mau. Pois às vezes jogava-se desesperadamente no fogo, outras vezes debatia-se no chão ou mordia as pedras, até quebrar os dentes. Feria assim terrivelmente a sua cabeça e manchava o corpo com sangue. Ficava de boca torta e com a língua de fora. Dobrava os membros com tanta facilidade, colocando uma perna no pescoço. Duas vezes por dia o menino era atacado por essa loucura. Dois homens nem sequer eram capazes de impedir que ele se despisse.

Já fora pedida ajuda de médicos afamados, mas não se encontrou alguém que pudesse resolver o caso.

O pai dele, Guidoloto, não achando entre os homens solução para tanta desgraça, recorreu aos méritos de Santa Clara:

- Ó Clara, santíssima virgem, digna de veneração de todo mundo, ofereço-te o meu filho infeliz; peço-te com toda confiança: devolve-lhe a saúde.

Cheio de fé, dirigiu-se apressadamente ao túmulo dela, levando consigo o menino e colocando-o sobre a sepultura da virgem. E no mesmo momento que pediu o favor o obteve. Pois logo o menino ficou curado daquela doença e também mais tarde nunca mais foi molestado por aquela enfermidade.

A FÚRIA:

Um jovem francês que fazia parte da corte papal foi tomado de fúria, de tal forma, que não conseguia mais falar e seu corpo tremia terrivelmente, De maneira alguma havia quem pudesse dominá-lo. Pelo contrário, ele se soltava, de um modo pavoroso, das mãos dos que queriam segura-lo. Por isso seus compatriotas amarraram-no com cordas numa maca e levaram-no, contra sua vontade, para a igreja de Santa Clara. Lá foi colocado diante do túmulo dela e logo ficou totalmente curado por causa da fé daqueles que o haviam levado.

EPILÉTICO:

Valentino de Spello sofria tanto de epilepsia que caía seis vezes por dia onde quer que estivesse. Além disso, não podia andar normalmente, pois uma de suas pernas era mais curta do que a outra. Foi levado em lombo de burro ao túmulo de Santa Clara. Lá ficou deitado durante dois dias e três noites. No terceiro dia, sem que ninguém o tocasse, sua perna deu um forte estalo e imediatamente ficou curado de ambas as doenças.

OS LOBOS:

A ferocidade sinistra de lobos cruéis castigava a região, havia muito tempo. Atacavam até pessoas e muitas vezes devoravam carne humana.

Certa mulher, de nome Bona, de Monte Galliano, na diocese de Assis, tinha dois filhos. Apenas tinha terminado o tempo de luto por um deles, morto pelos lobos, quando , com a mesma ferocidade, se precipitavam sobre o segundo. Enquanto a mãe estava dentro de casa, ocupada com os afazeres do lar, um lobo meteu os dentes no menino que brincava fora, mordendo-o no pescoço levando sua presa no mais rápido possível para a floresta.

Ouvindo os gritos do menino, alguns homens que estavam nos vinhedos gritavam para a mãe:

- Olha se o teu filho está em casa, pois acabamos de ouvir gemidos estranhos.

Percebendo a mãe que o seu filho fora raptados por um lobo, dirigiu seus clamores ao céu. E enchendo o ar com lamentações, invocou a virgem Clara dizendo:

- Ó gloriosa Santa Clara, devolve meu filho, coitado. Devolve a uma infeliz mãe o seu filhinho. Se não o fizerdes irei me afogar.

Correndo os vinhateiros atrás do lobo, encontraram a criancinha abandonada pelo lobo na floresta. Junto do menino viram um cachorro lambendo as feridas dele. A fera selvagem tinha botado primeiro seus dentes no pescoço do menino; depois, para carrega-lo melhor, o havia tomado pelo meio. Em ambas as partes deixara sinais bem visíveis de suas dentadas ferozes.

A mulher, vendo suas preces atendidas, apressou-se com os vizinhos para a sua protetora, mostrando a quantos queriam ver as chagas do menino. E ela agradeceu copiosamente a Deus e a Santa Clara.

Certo dia uma menina da cidade de Cannara estava sentada no campo. Uma outra mulher tinha inclinado a cabeça no seu colo.E eis que um lobo veio com passos furtivos em sua direção em busca de uma presa. A menina o viu sim, mas não se assustou, pois pensava que fosse um cachorro. E enquanto continuava penteando os cabelos da outra, a terrível fera se lançou sobre ela, mordendo-a com a boca larga no rosto. Em seguida levou a presa para a floresta. A outra mulher, tomada de medo, levantou-se depressa e, lembrando-se de Santa Clara, gritou:

- Socorro, Santa Clara, socorro. Recomendo-te esta menina.

O lobo colocou-a imediatamente e com todo o cuidado no chão. E como um ladrão, pego em fragrante, sumiu depressa.

(Esses milagres foram testemunhados e levados a exames, cujo resultados foram fixados no Processo de Canonização. O Papa Inocêncio IV havia encarregado, aos 18 de outubro de 1253, ao Bispo Bartolomeu de Espoleto de examinar a vida e os milagres de Clara.)

“Os Escritos de Santa Clara” (editora Vozes – CEFEPAL – Petrópolis – 1984, traduzido por Frei Geraldo Van Buul OFM e Frei Serafim Lunter OFM)

Morte de Santa Clara


Durante quarenta anos correra ela no estádio da altíssima pobreza e já se aproximava do prêmio da vitória final, precedida, porém, de muitos sofrimentos. Com efeito, o vigor de sua constituição física fora abalado, nos primeiros anos, por severa penitência. Enquanto gozava de saúde se enriquecera com os méritos de suas obras, agora enferma se enriquece com os méritos de seus sofrimentos. Pois “é na fraqueza que se revela a força” (cf. 2Cor 12,9).

As filhas, que logo ficarão órfãs, estão em torno do leito da mãe, a quem uma espada de dor lhe traspassa o coração. O sono não as faz retroceder nem a fome as afasta; mas, esquecidas do leito e da mesa, só lhes apraz chorar noite e dia.

Entre elas estava Inês, virgem devota, saturada de amargor das lágrimas, instava com sua irmã que não partisse abandonando-as. Mas Clara lhe respondeu:

- Irmã caríssima, apraz a Deus que eu me vá; tu porém deixa de chorar, pois chegarás diante do Senhor logo depois de mim, e Ele te concederá um grande consolo, antes que eu me aparte de ti.

(Inês era irmã de Clara e havia sido enviada em 1228 ou 1229 a Monticello, perto de Florença, onde foi abadessa. No inicio de 1253 Clara pediu que ela voltasse a S. Damião. Aí Inês faleceu pouco tempo depois de sua irmã.)

Por fim, viram-na debater-se na agonia durante muitos dias, nos quais cresceu a fé de muita gente e a devoção popular; os cardeais a visitavam assiduamente, de modo que era honrada como verdadeira santa. O mais maravilhoso, porém, é que, não podendo durante dezessete dias tomar alimento algum, foi sustentada pelo Senhor com tal fortaleza, que a todos os visitantes confortava no serviço de Cristo.

Estava entre os presentes, Frei Junípero, famoso por suas ardentes jaculatórias dirigidas ao Senhor. Ela lhe perguntou se tinha algo de novo a respeito do Senhor. Abrindo então a boca, ele deixou sair da fornalha de seu coração ardente as chispas de suas palavras chamejantes, e a virgem de Deus, ouvindo-as, recebeu um grande consolo.

Quanto ao resto: quem poderá relatar sem chorar? Estavam presente aqueles dois companheiros de São Francisco: Ângelo e Leão. Em todos havia muita tristeza e devoção à Clara.

Com seus olhos carnais ela contemplou, entre lágrimas, uma visão feliz. Traspassada por uma lança de profunda dor, dirigiu ela os olhos em direção à porta da casa. Viu entrando um coro de virgens, vestidas de túnicas alvas; todas tinham sobre a cabeça uma coroa de ouro. Caminhava entre elas uma que era mais resplandecente que as demais, [...] se difundia tão grande esplendor, que dentro da casa converteu a noite em dia luminoso. Ela se inclinou sobre Clara lhe deu um suavíssimo abraço.

Na manhã do dia seguinte, festa de São Lourenço, aquela alma santíssima saiu do corpo para ser laureada com o prêmio eterno.

Imediatamente espalhou-se a notícia do falecimento da virgem. Toda a população, ao ouvir esse infausto acontecimento, ficou abalada. Homens e mulheres acodem ao lugar, A afluência de pessoas é tão grande que a cidade parece ter ficado deserta.

No dia seguinte, toda a Cúria se põe em movimento:o Vigário de Cristo com os cardeais chegam ao local, e toda a população da cidade se dirige a São Damião.

Erguem o corpo do chão e o conduzem honorificamente, entre hinos e cânticos, entre sons de trombeta e jubilo festivo, a São Jorge. Pois este é o lugar em que o corpo de Santo Pai Francisco foi sepultado primeiro.

Poucos dias depois, sua irmã de sangue Inês também foi para a eternidade. Santa Inês foi ao encontro de Santa Clara.

“Os Escritos de Santa Clara” (editora Vozes – CEFEPAL – Petrópolis – 1984, traduzido por Frei Geraldo Van Buul OFM e Frei Serafim Lunter OFM)

quinta-feira, 21 de julho de 2011

Uma vida feita de milagres


Na Bula de Canonização de Santa Clara, número 15, consta o seguinte episódio: O PÃO.

Havia no mosteiro apenas um pão, quando a fome já se fazia sentir e chegara a hora de comer . A Santa chama a despenseira e ordena-lhe que divida o pão em duas partes iguais, envie uma parte aos irmãos e reserve a outra para as irmãs. Em seguida, manda que da metade reservada faça cinqüenta fatias, conforme o número das irmãs, e as ponha na mesa da pobreza. E como a devota filha lhe respondesse que seriam então necessários os antigos milagres de Cristo para que tão escasso pão pudesse dar cinqüenta fatias, a mãe replicou-lhe:

- Filha, faze com toda confiança o que eu te digo.

A filha apressa-se a cumprir a ordem da mãe; e esta dirige pressurosa a Cristo piedosos suspiros em favor das filhas. Por divino favor cresceu aquela matéria entre as mãos da que cortava, de maneira que deu o suficiente para cada uma das irmãs da comunidade.

A PEDRA:

Um menino de três anos, chamado Mattiolo, da cidade de Espoleto, tinha introduzido uma pedrinha no nariz. Ninguém conseguia extraí-la do nariz, nem tampouco o menino conseguia expeli-la. Encontrando-se em grande perigo e angústia, é levado à Senhora Claram e enquanto é por ela assinalado com o sinal da cruz, no mesmo momento é lançada fora a pedrinha, ficando salvo o menino.

TERROR DOS SARRACENOS:

Por volta de 1239, a cidade de Assis foi sitiada pelos sarracenos e o convento das clarissas ficava nas portas da cidade. Os guerreiros já galgavam o muro, quando Santa Clara, que estava enferma, foi avisada. Levantou-se logo, dirigiu-se ao altar do SS.Sacramento, tomou nas mãos a custodia com a Sagrada Hóstia e, assim munida de Deus Nosso Senhor, dirigiu-lhe o seguinte apelo em voz alta:

- Quereis, Senhor, entregar aos infiéis estas vossas servas indefesas, que nutri com vosso amor? Vinde em socorro de vossas servas, pois não as posso proteger.

Após essas palavras, ouviu-se distintamente uma voz dizer:

- Serei vossa proteção hoje e sempre.

Enfrentando o invasor com o Santíssimo Sacramento em mãos, o efeito das palavras divinas se fez logo sentir: um pânico inexplicável se apoderou dos sarracenos: grande parte deles fugiram as pressas: alguns, que já haviam galgado o cimo do muro, caíram para trás. A intervenção de Santa Clara salvara o convento e a cidade do assalto inimigo.

“Os Escritos de Santa Clara” (editora Vozes – CEFEPAL – Petrópolis – 1984, traduzido por Frei Geraldo Van Buul OFM e Frei Serafim Lunter OFM)

terça-feira, 19 de julho de 2011

Verdadeira face de Santa Clara


Tenho visto vários filmes sobre São Francisco de Assis, inclusive o “Irmão Sol, Irmã Lua”. Os filmes normalmente são romanceados para serem atraentes ao público, por isso apresentam muitas vezes falhas ao relatarem a personalidade dos Santos. Já faz tempo que eu tinha recebido um livro, mas não tive tempo de ler. Agora achei um tempinho e então faço esta publicação para relatar a realidade de Santa Clara de Assis. O livro chama-se “Os Escritos de Santa Clara” (editora Vozes – CEFEPAL – Petrópolis – 1984, traduzido por Frei Geraldo Van Buul OFM e Frei Serafim Lunter OFM). Nada mais fiel à realidade do que os próprios escritos de Santa Clara, bem como os documentos e testemunhos das irmãs que conviveram com ela.

Já logo no prefácio lemos: “Sem dúvida, podemos dizer que Santa Clara foi a seguidora mais fiel de São Francisco”. [...] “Os escritos que ela deixou são a Regra, o Testamento, a Benção e cinco Cartas. Incluímos aqui alguns outros documentos de valor para melhor conhecimento da Plantinha do Bem-Aventurado Pai.”

Clara nasceu em 1194 na cidade de Assis. Provavelmente ouviu Francisco pregar pela primeira vez em 1211, na Catedral de São Rufino, perto de sua casa paterna. Desde então Clara começou a se interessar pela vida religiosa.

Quando ela iniciou sua nova vida, nem os irmãos de Francisco tinham uma Regra muito formal. A de 1221 nunca foi aprovada, pois nunca apresentada às autoridades eclesiásticas para este fim. A Regra definitiva foi aprovada pelo Papa Honório III em 1223, três anos antes da morte de Francisco.

No entanto, os frades menores tinham, desde 1209, uma forma de vida, mas esta não se conservou. A este documento Francisco se refere no seu Testamento. Esse era o propósito de vida: A Altíssima Pobreza. Foi escrito com simplicidade e com poucas palavras, sendo principalmente expressões do santo Evangelho.

A Regra que Clara escreveu para suas irmãs segue em linhas gerais o texto da Regra definitiva dos frades menores de 1223. Muita coisa foi copiada ao pé da letra. Naturalmente nem tudo podia ser aplicado à vida das irmãs, uma vez que os frades viviam uma “VIDA MISTA” (isto é, uma vida meia contemplativa, meia fazendo pregações, ou se quiserem: um pouco de clausura e um pouco sem clausura), enquanto a vida das pobres damas era uma vida exclusivamente contemplativa (ou seja, na mais estrita clausura).

A admirável mulher, Clara de nome e clara por suas virtudes, nasceu em Assis, de estirpe muito ilustre. Seu pai era cavaleiro e toda sua ascendência pertencia à nobreza dos cavaleiros. Sua casa era muito rica com abundancia de bens, que contrastavam com o nível de vida do lugar. Sua mãe Hortolana era também dotada de bons e abundantes frutos. Com efeito, ainda que submissa à vontade do marido e presa aos cuidados da casa, dispunha de tempo para se dedicar quanto podia ao culto de Deus e com zelo constante às obras de piedade.

Como Clara conheceu Francisco? Ouvindo neste tempo falar de Francisco, cujo nome era famoso e que como homem novo renovava com novas virtudes o caminho da perfeição esquecida no mundo, logo o quis conhecer e ver, movida a este propósito por Deus. E sabendo Francisco que Clara queria o conhecer, logo tratou de providenciar tal encontro, pois queria almas para Deus.

A jovem Clara saia da casa paterna, acompanhada tão somente duma companheira familiar, e repetidas vezes visitava a Francisco cujas palavras a levava a desejar viver santamente.

Segundo consta na declaração de Beatriz, irmã de Clara, no Processo da Igreja (XII, 2), foi São Francisco quem primeiro visitou Clara. Ainda no Processo da Igreja (XVII, 3) declara que foi Bona de Guelfuccio quem acompanhava Clara em suas entrevistas com São Francisco. São Francisco, por sua vez, sempre estava acompanhado por Frei Felipe (Cf. Biografia de Santa Clara 37 e Lazzeri, Il Processo 489).

O Pai Francisco a exorta a desprezar o mundo, demonstrando-lhe com expressões vivas a esperança vã e o atrativo enganoso do século, exortando-a a preservar a pureza virginal para Deus que deu seu Filho ao Mundo.

Clara se converte e começa sua vida devotada a Deus, juntamente com outras moças.

No entanto, quando a notícia chega aos seus parentes, estes, com o coração dilacerado, condenam o fato de sua decisão. Todos juntos correm ao lugar, procurando conseguir o que não podem. Usando força, violência, sugestão, conselhos e afago de promessas, tentam persuadi-la a desistir de tão grande aviltamento que não condiz com sua nobreza e do qual não se encontra exemplo semelhante nos arredores. Mas ela, apesar de tudo, agarrando-se as toalhas do altar, descobre a cabeça raspada, garantindo que de maneira alguma seria mais arrancada do serviço de Cristo. Cresce-lhe o ânimo, à proporção que aumenta a oposição dos seus, até que seus parentes acabam cedendo e desistindo.

Clara, o horror de sua família. Clara, a Glória de Deus.

Pouco tempo depois a fama de sua santidade se espalha pelas regiões vizinhas. Isso faz com que muitas moças sejam atraídas pelo mesmo tipo de vida de Clara. As virgens não abrem mão de sua virgindade. As casadas se esmeram em comportar-se mais castamente. As da nobreza e de ilustre classe, abandonando os amplos palácios, constroem para si mosteiros estreitos e têm por grande viver por amor a Cristo. Nesta inocente porfia lança-se o entusiasmo dos jovens, que movidos pelos exemplos expressivos do sexo mais fraco se animam a desprezar os enganos da carne. Enfim, muitos cônjuges vinculam-se de mútuo acordo à lei da continência entrando, os homens nas Ordens, e as mulheres nos Mosteiros, As mães convidam as filhas e as filhas convidam as mães a entrarem no Mosteiro. Logo as sobrinhas, as tias, enfim, todos querem ser religiosos.

A fama das virtudes de Clara entra pela porta das senhoras ilustres, chega até aos palácios das duquesas e penetra mesmo na mansão das rainhas. A parte mais alta da nobreza se abaixa para seguir suas pegadas e,com santa humildade, renega o orgulho do sangue nobre. Algumas merecedoras dum matrimônio com duques e reis, fazem penitência rigorosa ao convite da mensagem de Clara, e as que tinham casado com potentados imitam Clara conforme podem.

Os Mosteiros se multiplicam, a castidade aumenta, o estado virginal é colocado em evidência.

Isto foi Santa Clara.

Santa Clara, rogai por nós.

sexta-feira, 15 de julho de 2011

Voe como a águia


Isaías é o maior profeta do Antigo Testamento, exerceu o seu ministério no reino de Judá, tendo se casado com uma esposa conhecida como a profetisa que foi mãe de dois filhos: Sear-Jasube e Maer-Salal-Hás-Baz.

Foi através de uma visão que Isaías foi chamado por Deus para ser profeta. Viu o trono de Deus no templo, acompanhado por serafins, em que um desses seres angelicais teria voado até ele trazendo brasas vivas do altar para purificar seus lábios a fim de purificá-lo de seu pecado. Então, depois disto, Isaías ouve uma voz de Deus determinando que levasse ao povo sua mensagem.

Não o sabes? Não o aprendeste? O Senhor é um Deus eterno. Ele cria os confins da terra, sem jamais fatigar-se nem aborrecer-se; ninguém pode sondar sua sabedoria. Dá forças ao homem acabrunhado, redobra o vigor do fraco.
Até os adolescentes podem esgotar-se, e jovens robustos podem cambalear,
mas aqueles que contam com o Senhor renovam suas forças; ele dá-lhes asas de águia. Correm sem se cansar, vão para a frente sem se fatigar.
(Isaías, capítulo 40: 28-31)

É interessante como o Profeta faz analogia com a águia.

Quem conhece essas aves sabem que elas vivem em montanhas rochosas, e até escarpadas, altíssimas, enfrentando fortes ventos e tempestades.

Símbolo do heroísmo singular, essas aves não tem medo.

Na morte, as águias também dão excelente lição de vida.
Você já viu o cadáver de uma águia? É possível que já tenha visto o de uma galinha, de um cachorro, de um pombo ou até de um gato. Mas, com certeza nunca encontrou um cadáver de águia.

Sabe por quê? Porque quando elas sentem que chegou a hora de partir, não se lamentam nem ficam com medo. Localizam o pico de uma montanha inatingível, usam as últimas forças de seu corpo cansado e voam naquela direção. E lá esperam, resignadamente, o momento final. Até para morrer, as águias são extraordinárias.

Quando os seus momentos difíceis chegarem, não desanime. Eleve-se às alturas, voe como uma águia em direção ao Sol. Se eleve pelas orações em direção a Deus, que certamente o confortará. Muitas vezes Deus nos manda provações para fazer-nos se elevar até Ele pela oração. Um convite às alturas.

Por mais que os ventos soprem com força, confie em Deus, pois conforme diz Isaias – o grande Profeta de Deus que viu o Céu: Deus “dá forças ao homem acabrunhado, redobra o vigor do fraco.” [...] “aqueles que contam com o Senhor renovam suas forças; ele dá-lhes asas de águia. Correm sem se cansar, vão para a frente sem se fatigar.

Recebido por e-mail, desconheço o autor.

Caleb e as estrêlas do céu


Há uma diferença entre História e Estória. História são fatos da vida real, fatos históricos. Mas Estórias são contos criados para entreter. Normalmente as Estórias tem um fundo moral que educa. Hoje trago uma estória:

Alguém já ouviu falar de Caleb? Acredito que não, pois era um homem desconhecido até em sua época. Vivendo na mais estrita pobreza, alimentado por parentes e amigos que lhe traziam comida, morava ele nas margens do Mar Negro, estudando os antigos pergaminhos. Era tido como um sábio, pelos poucos que o conheciam.

A paisagem era propícia para pensamentos elevados. A brisa vinda do mar, se elevava até o monte onde numa pequena cavidade rochosa, Caleb fazia suas preces ao Altíssimo e estudava.

Um filósofo grego chamado Pitágoras, havia escrito que os planetas e as estrelas produziam uma música inaudível, chamada por ele de "harmonia das esferas". Platão teria seguido essa idéia conforme confirmam os historiadores. Assim como uma corda que ao girar na mão fortemente produz um som pelo atrito com o ar, da mesma forma os planetas ao fazerem seu movimento de rotação também produziriam um som... era a sinfonia celeste, inaudível ao ouvido humano.

Caleb ficava olhando a noite e as maravilhas do céu: as estrêlas.

Uma noite, vencido pelo cansaço acabou adormecendo ao relento.

A noite alta já ia longe quando uma suave música o despertou. Olhou em volta e não sabia dizer de onde vinha tal harmonia sonora.

Mas do mar, vinha pelas águas uma luz. Assustado Caleb não sabia o que fazer. O que seria aquilo?

Mas era um Anjo do Senhor que se aproximava e ao ver tal bela criatura, se prostrou no chão. Ao que o Anjo lhe disse:

- Caleb, você é um homem justo. Me dê a mão que te levarei ver maravilhas.

Assim fez; e num instante estava Caleb mergulhado no profundo e imenso universo. Era de lá que vinha tal música suave: a música das estrêlas.

Não se pode descrever o seu encantamento. Não há palavras para isso.

E ouvindo tal música, o Anjo foi lhe explicando:

- Veja o Sol. Majestoso, Cheio de Luz, a todas os outros planetas ilumina e sustenta. Símbolo da Força de Deus.

- Vê Mercúrio? É o mais próximo do Sol, símbolo do fervor religioso. Aquele outro, Vênus: é a “estrela” mais brilhante do céu e por isso nos ensina como devem brilhar os que crêem em Deus. Depois vem a Terra, símbolo da Vida e da fertilidade....


Caleb estava totalmente absorvido pelas maravilhas e pela música celeste.

O Anjo continuou:

- Marte, o planeta vermelho, guerreiro, símbolo da luta, pois é nessa região que estão os meteoros... Logo acima, a Grandeza de Júpiter, feito para enfrentar as grandes tempestades atmosféricas. Saturno: seus anéis são alianças com Deus.

O Anjo ia continuar, mas de repente silenciou....
Aliás até a música celeste não havia mais...
Tudo era só silencio...
Parecia que tudo havia parado....

- O que aconteceu? – perguntou Caleb

O Anjo apontou com a mão direita para o centro do universo.

Caleb ficou embasbacado. Pois se aproximava uma estrela de singular beleza, tão grande, tão cheia de luz, tão maravilhosa que era impossível descreve-la. Só sabia que todo o universo parou para ver passar aquela estrela de beleza sem par.

Caleb jamais tinha visto tal coisa. Beleza sem igual.

- Que estrela é essa que supera todas as demais em luz e beleza? Que faz todo o universo parar? Que toda a natureza a reverencia? – perguntou Caleb.

Ao que o Anjo respondeu:

- Essa é a Estrela de Belém, criada especialmente por Deus, para anunciar o Nascimento de Nosso Senhor Jesus Cristo.

NOTA DO BLOG: Essa estória é muito antiga, não se sabendo o autor. Mas serve para mostrar a beleza da Estrela de Belém que levou os Reis Magos até a Gruta onde nasceu o Menino Deus.
A teoria da música celeste criada por Pitágoras e depois seguida por Platão, não é verdadeira. Os cientistas modernos rejeitaram essa teoria. Os símbolos dos planetas também foram criados para ilustrar a estória.

quinta-feira, 14 de julho de 2011

O Mundo pertence a Cristo Rei


Ó Cristo Jesus, eu Vos reconheço como Rei do Universo, sois o autor de toda a criação; exercei sobre mim todos os vossos direitos.

Renovo as minhas promessas do batismo, renunciando a Satanás, suas pompas e suas obras; e de modo especial comprometo-me a lançar mão de todos os meios ao meu alcance para fazer triunfar os direitos de Deus e de vossa Igreja.

Ó Sagrado Coração de Jesus, eu Vos ofereço minhas pobres ações para que os homens reconheçam a vossa Realeza Sagrada e o Reino de vossa paz se estabeleça por todo o universo.

Amém

quarta-feira, 13 de julho de 2011

São Columbano e sua história


A pedido de algumas pessoas que me enviaram e-mail, resolvi publicar um resumo da vida de São Columbano.

Monge extraordinário, esteio da Cristandade medieval nascente. Tendo fundado muitos mosteiros, nos quais imprimiu seu vigoroso caráter, esse heróico religioso deixou atrás de si um sulco de radicalidade na vida monástica e no combate à heresia ariana. Séculos depois, sua ação contribuiria para o apogeu medieval.

Poucos dados há sobre o nascimento e os primeiros anos desse Santo que tanta influência exerceria na vida monacal do Ocidente, em seu século e na baixa Idade Média. Sabe-se que nasceu em Leinster, Irlanda, em 540, mesmo ano em que o patriarca São Bento falecia em Monte Cassino.

O que é ressaltado na primeira biografia de Columbano, escrita por um de seus monges, Jonas de Bobbio, é que sua educação e instrução foram esmeradíssimas, tendo ele muito cedo se iniciado no estudo das Sagradas Escrituras. Fala também que era notável por sua beleza moral e física.

Adolescente, sentia em si, como São Paulo, os aguilhões da carne. Para não cair em sua escravidão, procurou conselho junto a uma piedosa reclusa que vivia em odor de santidade nas cercanias. Expôs-lhe suas tentações, pedindo que indicasse um remédio seguro para nelas não cair.

“Inflamado pelo fogo da adolescência - respondeu-lhe ela - tentarás em vão escapar de tua própria fragilidade enquanto permaneceres em teu solo natal. Para te salvares, é preciso fugir”.

Columbano, sempre determinado a fazer o que via ser seu dever, decidiu partir em seguida. Sua mãe, para detê-lo, deitou-se na soleira da porta. Saltando heroicamente sobre seu corpo, ele fugiu para o famoso mosteiro de Bangor. Com seus três mil monges, este brilhava iluminado por seu abade São Congal, discípulo de São Finiano, reputados ambos pela austeridade e severidade na direção de seus discípulos.

Como o heroísmo católico atrai e contagia, a vida desses monges começou a impressionar os povos que viviam em redor do mosteiro. Em breve, muitos nobres e plebeus para lá acorreriam para juntar-se aos monges, ou pelo menos para deles receber uma bênção para si, suas famílias e suas colheitas.

Entretanto, por vezes São Columbano sentia necessidade de afastar-se até do convívio dos seus, para afervorar-se mais. Retirava-se então para um lugar deserto, levando consigo só as Sagradas Escrituras e vivendo pacificamente no meio das feras. Nos fins-de-semana participava do Ofício Divino com sua comunidade.

São Columbano dizia aos seus monges:

“Que o monge viva no mosteiro sob a lei de um só e a companhia de muitos, para aprender de uns a humildade e de outros a paciência. Que não faça o que lhe agrade; que coma o que lhe é mandado; que não tenha senão o que lhe dêem e que obedeça a quem o desagrada. Irá ao leito esgotado de cansaço, dormindo já ao dirigir-se a ele, deixando-o sem terminar o sono. Se sofre alguma injúria, que se cale; tema ao superior como a Deus, e ame-o como a um pai. Não julgue as decisões dos anciãos. Avance sempre, reze sempre, trabalhe sempre, estude sempre”.

Retirando-se a uma caverna que havia transformado em capela dedicada a Nossa Senhora, o grande batalhador terminou seus dias em jejum e orações, a 21 de novembro do ano 615.

fonte: http://www.lepanto.com.br/dados/HagColumb.html

sábado, 9 de julho de 2011

Sincero, eis aqui a palavra


Sincero! Eis uma bela palavra que deve figurar no vocabulário de todo bom cristão.

Quem a teria inventado?

Ora, foram os romanos, “Sincero” vem do velho, do velhíssimo latim. Eis a poética e tranqüila viagem que fez o “sincero” para vir de Roma até a letra “S” dos nossos bons dicionários.

Os romanos fabricam certos tipos de vasos de uma cera especial. Esta cera, era às vezes tão pura e perfeita que os vasos se tornavam transparentes. Em alguns casos chegava-se a distinguir um objeto (um colar, uma pulseira ou um dado) que estivesse colocado no interior do vaso. Para o vaso, assim fino e límpido, dizia o romano vaidoso:

- Como é lindo! Parece até que não tem cera! é um vaso “sine cera”.

Sine” em latim quer dizer “sem” – como “sine die” (em latim), ou seja, “sem dia certo”

Assim “sine cera” queria dizer: sem cera!

Sine cera” era, pois, uma certa qualidade de vaso perfeito, finíssimo, delicado, que deixava ver através de suas paredes.

Da antiga cerâmica romana o vocábulo “sine cera” passou a ter significação, muito mais elevada. “Sincero” é aquele que é franco, leal, verdadeiro; que não oculta; que não usa disfarce, malícia ou dissimulação. O sincero, à semelhança do vaso romano, deixa ver, através de suas palavras, os nobres sentimentos de seu coração.

A sinceridade (ensinava o saudoso professor Silva Ramos) deve vir sempre ligada à delicadeza e à bondade.

Há muita gente, pouco educada, que confunde “sinceridade” com “grosseria”!

O sincero, à semelhança dos preciosos vasos romanos, deve ser fino e delicado.

A Delicadeza e a Sinceridade não são só irmãs: são também cunhadas. A Educação as uniu de tal modo que elas jamais poderão deixar de ser boas amigas e companheiras.

(Lendas do Céu e da Terra – Malba Tahan)

terça-feira, 5 de julho de 2011

O inverno ao som de Vivaldi

Estamos no mês de Julho. Há muitos anos atrás este era o segundo mês do ano que eu mais gostava, pois o primeiro era dezembro. Toda minha vida foi dedicada para a música clássica, e sempre gostei desse tipo de música. Ocorre que no mês de Julho acontecem os grandes festivais de inverno de música clássica por vários estados brasileiros. Julho, aqui no Brasil, é a época do inverno e a cidade de Campos do Jordão se torna maravilhosa para receber músicos de toda a parte para o tão famoso festival. A cidade ficava repleta de pessoas de toda a parte. As noites frias sempre eram acompanhadas de chocolates quentes, cervejas ou vinhos. Os espetáculos de música clássica aconteciam por toda a cidade, embora o Teatro Cláudio Santoro abrigasse os grandes concertos, muitos espetáculos ao ar livre pelas praças e outros locais atraiam a atenção de muitos jovens. Uma vez encantou-me um conjunto de música escocesa com gaita de foles, tambores e roupas a rigor.

Um fato curioso sempre me chamou a atenção: o crescente número de jovens que a cada ano aumentava nesses locais de música clássica.

A cidade de Campos do Jordão, pela sua altitude (cerca de 1.700m de altitude), é muito fria e já vi até cair neve algumas vezes. Casas e hotéis lindíssimos decoram a cidade nos transportando para um mundo de sonhos. Montanhas, vegetação exuberante e um dos melhores climas do mundo.

Campos de Jordão é composta por três Vilas (ou regiões): Vila Capivari, onde se encontra o clímax da cidade, com o festival de inverno e o famoso hotel Vila Inglesa (vale a pena, muito bom). Vila Abernéssia, onde tem um movimentado centro comercial. E finalmente Vila Jaguaribe, assim chamada em homenagem ao Dr. Domingos Jaguaribe que, juntamente com Emilio Ribas e Vitor Godinho, sanitaristas de renome, foram os responsáveis pela divulgação das qualidades terapêuticas do clima da região na recuperação de pacientes portadores de doenças pulmonares.

Recomendo a todos que gostam da boa música e um bom passeio.

Porém na segunda quinzena do mês de Julho, acontece um outro festival, mais voltado para quem gosta da Música Antiga. Para os que não conhecem música, esclareço que “Música Antiga” é o nome dado à produção musical dos períodos Medieval, Renascentista e Barroco, portanto período que abrange desde o ano 300 até o ano 1789 (mais ou menos).

Um exemplo de música do período Barroco é: Vivaldi, Haendel, Bach, Haydn, e tantos outros...

Simplesmente fenomenal. Foi lá que eu conheci conjuntos medievais do mundo todo, inclusive o grupo Kalenda Maya da Noruega. Foi lá que eu conheci pessoalmente o Ricardo Kanji (famoso Maestro Brasileiro, flautista que se pós graduou em Haia, na Holanda), e tantos outros...

Esse festival acontece na cidade de Juiz de Fora, no estado de Minas Gerais (Brasil), e é conhecido por Festival Internacional de Música Colonial Brasileira e Música Antiga. Durante o festival, para quem se interessar, são dadas aulas de vários instrumentos, inclusive instrumentos antigos como: Violino Barroco, Violoncelo Barroco, Viola da Gambá, Cravo, Flauta Doce, Traverso, Oboé Barroco, Canto Barroco, Dança Barroca, Alaúde. Aulas ministradas pelos melhores nomes da música erudita nacionais e internacionais.

As apresentações musicais são feitas com instrumentos de época.

Vale a pena conferir:
http://www.promusica.org.br/

Quem promove esse evento é o Centro Cultural Pró-Música de Juiz de Fora – MG,
http://www.promusica.org.br/index_promusica.php

Conheço pessoalmente os diretores do Pró-Música e fiquei admirado com o trabalho que eles desenvolvem oferecendo o ensino da Música Erudita para a imensidão de jovens que os procuram. Os que não tem condições financeiras, o Centro Cultural empresta instrumentos já disponíveis para o aprendizado.

O filho dos diretores do Pró-Música, o violinista barroco Luís Otávio Santos, ganhou o Diapason D´Or, o maior reconhecimento dado a um CD feito na França. Seu instrumento, como não poderia deixar de ser, é de época, ou seja um violino barroco.

Recomendo a todos que assistam este Festival Internacional de Música Colonial Brasileira que acontece na segunda quinzena do mês de julho de cada ano.

Veja também:
http://almascastelos.blogspot.com/2010/06/festival-de-musica-de-juiz-de-fora.html

http://almascastelos.blogspot.com/2010/05/juventude-corre-para-musica-erudita.html

sexta-feira, 1 de julho de 2011

Santo Columbano e o urso


São Columbano, monge e missionário irlandês, era seguidor da regra do seu conterrâneo São Columba (que foi Mestre de Santo Donnan, o qual pela graça inspirou este Blog Almas Castelos:

http://almascastelos.blogspot.com/2011/04/o-aniversario-teve-confirmacao.html)

Foi conhecido pela fundação de inúmeros mosteiros pela Europa. Sua presença impressionava qualquer pessoa. Aqui segue a história de hoje:

SÃO COLUMBANO E O URSO

Recordam os escritores católicos de um episódio maravilhoso a respeito de São Columbano, o apóstolo dos bávaros.

Esse Santo era paupérrimo; só possuía um burro, naturalmente calmo, manso e paciente, que carregava a humilde bagagem do missionário no decurso de suas viagens apostólicas.

Um dia em que eles varavam por uma floresta espessa, um urso irrompeu dos cipoais, lançou-se contra o animal e estraçalhou-o.

Que fez o Santo? Sem sombra de temor aproximou-se da fera, pos-lhe a bagagem às costas e disse-lhe com a maior naturalidade:

- Irmão, tu mesmo é que tens, agora, de carregar a minha trouxa.

E aquele animal ferocíssimo, ainda salpicado do sangue de sua vítima, ofereceu-lhe, sem relutância, o dorso forte e serviu-o desse dia em diante, com a doçura e submissão de uma ovelha.

(A foto acima é de São Columbano, na janela da cripta da Abadia de Bobbio)